ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | Uma outra forma de analisar o audiovisual usando a Teoria Ator-Rede |
|
Autor | Daniela Muzi |
|
Resumo Expandido | Como analisar o audiovisual? Como transpor em palavras imagens que equivalem a muitas delas. Como racionalizar um processo de produção que às vezes não é racional? Eis que são lembrados os 4 Cavalheiros do Apocalipse nos Estudos de Cinema no Brasil, texto de Fernão Pessoa Ramos apresentado no XIV Encontro da Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual (Socine), em 2010. Em sua comunicação Ramos tem como intuito discutir a reflexão contemporânea em cinema no Brasil que usa como base quatro pontos estruturais, chamados de cavaleiros do apocalipse, “que a fazem girar em falso”. (2010, p.1).
Procurando evitar um confronto com os 4 Cavaleiros do Apocalipse – evolucionismo tecnológico, fobia diacrônica, hipertrofia metodológica/conceitual e análise fílmica descritiva – este trabalho pretende apresentar uma forma de análise audiovisual da obra de Eduardo Coutinho usando como metodologia a Teoria Ator-Rede (TAR) e a Teoria das Materialidades da Comunicação. Usar a TAR como metodologia implica em rastrear as associações de Eduardo Coutinho ao longo de sua carreira com os diversos atores envolvidos em sua obra, sejam eles humanos e não humanos, descrevendo essas mediações e a forma com que contribuíram para a sua filmografia. Para isso, vale destacar, que apesar do nome a Teoria Ator-Rede não é uma teoria, e sim uma metodologia, “é mais como o nome de um lápis ou um pincel que o nome de uma forma específica a ser desenhada ou pintada” . (LATOUR, 2008, p. 207). A ferramenta usada pela TAR é a descrição feita através da prática de “seguir os atores” (Ibid. p. 27-28) e os deixarem falar sem traduções, sem adaptações, sem intermediários, sem fazer sombra neles de tanta luz de outras teorias e pensamentos, sem o excesso de interpretação, sem a hermenêutica. Pela descrição – uma volta ao empirismo como diz Latour – acompanhamos o desenrolar de um emaranhado de fios se transformarem em um mapa bidimensional, uma teia, uma rede, onde cada ligação é responsável pela sustentação da rede em si, onde cada ponto de rede é um ator que faz agir. Entenda-se por atores qualquer fator que possa influenciar a situação, seja ele humano ou não humano – sim, uma volta ao objeto, a coisa em si, os objetos deixam de ser apenas “pano de fundo” da ação humana. Dessa forma a TAR parece um tipo de lápis perfeito para traçar a trajetória da obra de Eduardo Coutinho que recebeu diversas influências, é decorrente de uma série de encontros e desencontros com a tecnologia, conversas e associações com diversos atores, cujo resultado é uma profícua filmografia, uma obra que não cansa de se reinventar e buscar novos caminhos. A premissa de aceitar os objetos como atores e a descrição em vez da interpretação, pontos importantes da Teoria Ator-Rede, são também pontos de associação com a Teoria das Materialidades da Comunicação que convoca para o material o mesmo peso que damos para a produção de sentido tentando equilibrar essa tensão. Logo, pretendemos também identificar contribuições para a construção da obra de Coutinho oriundas de circunstâncias materiais ao longo da sua carreira. Para isso, sugerimos a aplicação da Teoria Ator-Rede como metodologia, seguindo os atores independentemente de sua natureza, o que possibilita traçar um caminho que pode abranger tanto as dimensões de sentido quanto as de presença. Neste cenário os 4 Cavaleiros dos Apocalipse propostos por Fernão Pessoa Ramos se colocam como arautos do desvio e estarão presentes ao longo desse extenso e acidentado caminho sempre nos lembrando que há atalhos mais fáceis, mas que pegá-los pode nos impedir de chegar ao lugar certo. |
|
Bibliografia | FELINTO, Erick. Materialidades da Comunicação: por um novo lugar da matéria na teoria da comunicação. Ciberlegenda, Niterói: UFF, n. 5, 2001. Disponível em: |