ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | A representação da ditadura militar no cinema brasileiro |
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Autor | PAULO DOMENECH ONETO |
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Resumo Expandido | As três fases do cinema político e o Brasil: a representação da ditadura militar no cinema brasileiro
Encontramos no livro Cinema 2. A Imagem-Tempo (1985), escrito pelo filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995), a apresentação de quatro diferenças fundamentais entre o que seria um cinema político « clássico » e um cinema político « moderno ». Esta tentativa de distinção é subsidiária de uma discussão de escopo muito mais amplo, que Deleuze propõe em torno de um tipo de imagem baseada no esquema sensório-motor (imagem-movimento) e outro tipo, capaz de nos colocar em contato direto com o tempo entendido como duração (imagem-tempo). Porém, para além disso, ela permite ainda: a) indagar se esta categoria (« cinema político ») pode constituir um gênero; b) destacar quatro eixos de abordagem que justamente permitiriam caracterizar filmes como « políticos »; c) pensar, com base nesses eixos, o que seria um cinema político « contemporâneo », levando em conta as novas condições da criação cinematográfica, confrontada agora com novas formas de poder, derivadas do processo de “espetacularização” da sociedade (apontado por Guy Debord) e de estratégias do “biopoder” (conforme a conceituação proposta por Michel Foucault). Enfim, o mais importante para os objetivos do trabalho aqui proposto: d) valer-se das categorias de análise para refletir sobre o cinema brasileiro atual em sua face declaradamente política, focando mais especificamente no modo como ele tem representado a ditadura militar de 1964-1985 e seus eventuais desdobramentos. O trabalho ora proposto tem, portanto, por objetivo primordial analisar a produção cinematográfica brasileira que trata dos acontecimentos da ditadura militar de 1964-1985 à luz dos quatro eixos sugeridos por Deleuze. Com base neles, parece possível avaliar o maior ou menor grau de envolvimento dos filmes com sua temática. Quanto a esse objetivo central, a ideia é privilegiar seis filmes, formando três pares, cobrindo quase toda a história da representação cinematográfica da ditadura militar no Brasil. São eles: Pra Frente Brasil (1983) de Roberto Farias e Cidadão Boilesen (2009), de Chaim Litewski; O que é isso, companheiro? (1997), de Bruno Barreto e Hércules 56 (2007), de Silvio Da-Rin; Cabra marcado para morrer (1984), de Eduardo Coutinho e O Ano em que meus pais saíram de férias (2006), de Cao Hamburguer. Estes pares abrem para uma série de outras possibilidades de discussão, não necessariamente sugeridas por Deleuze. Por exemplo: uma discussão em torno das diferenças entre cinema político documentário e ficcional, ou em torno da relação entre cinema e memória etc. Ao longo desta trajetória até a análise direta dos filmes, os outros objetivos sugeridos acima serão contemplados: o problema do cinema político como « gênero », os limites dos eixos deleuzianos de análise e a questão das diferenças entre cinema político moderno e contemporâneo. |
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Bibliografia | AMENGUAL, B. Chaves do cinema. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
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