ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | O cinema como escrita com imagens |
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Autor | Pedro Benjamim Carvalho e Silva Garcia |
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Resumo Expandido | Esta pesquisa teve como modelo um curso que ministrei,juntamente com a pesquisadora Adriana Hoffmann Fernandes,no segundo semestre de 2009,no Mestrado de Educação da Universidade Católica de Petrópolis (UCP),intitulado Pedagogia do olhar: novos modos de ver e aprender.Neste curso trabalhamos com a leitura de imagens(fragmentos de filmes, fotos, propagandas impressas)e textos e,posteriormente,no Colégio Estadual Pedro II (Petrópolis – RJ),demos continuidade aos debates em sala de aula analisando,com os alunos do Pedro II, na faixa dos 15 aos 18 anos,a interpretação de filmes associados a textos contendo conceitos que davam suporte a estas interpretações.Os textos,no caso, foram entregues e debatidos em rodas de leitura(ver item específico)tendo,como finalidade,debater o filme a ser projetado na tela.
Tendo em vista o tempo de duração para as rodas de leitura e para os filmes, as duas atividades tiveram que ser realizadas em dias diferentes.Exemplo: na projeção do filme O Leitor, baseado em um romance do mesmo nome,utilizamos, antes da projeção do filme,um capítulo do livro Tristes trópicos,de Lévi-Strauss,denominado Lição de escrita,juntamente com um capítulo do livro de Alberto Manguel,Uma história da leitura,intitulado Última página.O texto de Lévi-Strauss focalizava o poder da escrita,o de Manguel as posturas corporais dos leitores.Ambas as questões estavam contempladas no filme.No debate que se seguiu o poder (Lévi-Strauss)e as posturas (Manguel),baseadas nestas leituras, afloraram,bem como os próprios textos,a partir do filme,tomaram outros contornos. Posteriormente pedimos,com a anuência da professora,que alunos/as das turmas A e B tirassem fotos de leitores em várias posturas.Curiosamente os meninos fizeram fotos gaiatas,no banheiro,com gestos pouco usuais,colocando um gato com um livro,enquanto as meninas fizeram poses imitando atrizes,sorrindo(como usualmente ocorre)e lendo de forma concentrada.Certamente uma questão de gênero se coloca para análise.Posteriormente pedimos que as legendas das fotos fossem feitas pelos alunos da turma A para a B e vice-versa,buscando verificar a intencionalidade do fotógrafo e a percepção de quem olha a fotografia. Em uma sociedade que prioriza a imagem é comum,principalmente na escola,a constatação de que os jovens leem pouco.Neste contexto é importante investigar de que leitor estamos falando.Neste sentido são pertinentes as perguntas: qual o significado da leitura para os jovens hoje?Estamos diante de outras formas de leitura e de outro tipo de leitores? No caso de um filme,de uma exposição de fotografias ou algo relacionando a imagem,é a leitura destas imagens que está em jogo.No caso do filme as imagens se complementam com diálogos ou legendas, música,enredo etc. Já em 1676,Roger de Piles,em Cours de peinture par príncipes,se referindo à imagem, no caso,à pintura,dizia que o “espectador,surpreendido,deve ir ao encontro dela [pintura] como se entrasse em uma conversa”(apud Manguel, 2001). Julio Cabrera (2006), em “O cinema pensa (Uma introdução à Filosofia através dos filmes)” utiliza-se de filmes para desafiar o espectador a encontrar “conceitos-imagem”. Em alguns casos pode se relacionar a questão da escrita com a imagem a partir do próprio filme,como foi o caso de “Narradores de Javé” (2003) dirigido por Eliane Caffé. Em síntese,a imagem,sob vários ângulos,associadas,ou não ao texto escrito,pode desvelar novos campos de conhecimento. |
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Bibliografia | CABRERA,Julio.O cinema pensa:Uma introdução à Filosofia através dos filmes. Rio de Janeiro:Rocco,2006.
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