ISBN: 978-85-63552-07-5
Título | As estéticas de si |
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Autor | Juliana Cardoso Franco |
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Resumo Expandido | Por que, nos dias de hoje, tantos de nós sentimos o impulso de nos filmar? O que leva este desejo adiante? O que é este impulso e quais imagens contemporâneas vem sendo produzidas a partir de tal desejo? Este trabalho reunirá algumas visões sobre esta questão e como ela vem sendo amplamente debatida, principalmente em relação aos limites do teor político que algumas destas imagens colocam em jogo. Imagens essas que são classificadas como de testemunho e de minorias, frutos de um poder biopolítico que é associado ao espaço da estética do anonimato e do sujeito que se afirma em sua experiência cotidiana.
Estas indagações trazem outras em seu percurso. Quais imagens hoje são escolhidas por aqueles que buscam falar de si mesmos? De que modo este desejo por falar de si encontra-se atrelado a um gesto político de auto-afirmação em meio a profusão e mesmo a banalização do próprio discurso autorreferente? No entanto, diferentes artistas contemporâneos sublinham a irredutibilidade de seus documentos pessoais como experiência subjetivadora única, dando origem a diferentes limites que são transgredidos e que se manifestam nas estéticas de si contemporâneas. Através do diálogo com diferentes trabalhos como os dos japoneses Naomi Kawase e Kazuo Hara, o da fotógrafa americana Nan Goldin, e do carioca Marcelo Ikeda, pretendo não exatamente responder a estas perguntas, mas, principalmente, dialogar com exemplos que possam dar concretude ao debate em torno da produção da imagem e estéticas de si contemporâneas, relacionando-as com o que Michel Foucault classificou em alguns dos seus últimos estudos como “estéticas da existência”. Percebe-se que muitos dos registros autorreferentes hoje se baseiam em um novo modo de realismo, baseado em afetos e traumas que tais imagens buscam colocar em jogo. Este realismo introduz uma experiência que precisa ser relatada ou narrada no tempo de presentificação da imagem, de sua produção, como um campo tanto de legitimidade como de questionamento e criação em torno do universo dos espaços do “eu”. Portanto, pretendemos refletir mais profundamente de que modo este novo realismo pode ser associado aos pensamentos em torno de uma estética (e ética) da existência, como Foucault considerou a partir da reflexão acerca da definição da subjetividade. Por fim, pretendemos refletir sobre o modo como as imagens em primeira pessoa são hoje produzidas, muitas vezes em nome de um afeto ou uma experiência a ser narrada e que precisa ser relatada. Ao narrar suas experiências e transformá-las em imagem em movimento, o cineasta espera que a sua experiência seja reiventadada e reexperenciada. Assim, o artista contemporâneo anseia que o seu registro deixe de ser um mero registro cotidiano e individual e possa ser recebido enquanto uma proposta estética. Pretendo investigar esses limites para, mais profundamente, discutir o poder dessas imagens. |
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Bibliografia | ARFUCH, Leonor. O Espaço Biográfico. Dilemas da subjetividade contemporânea. RJ: EdUERJ, 2010.
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