ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Notas para um estudo das cinematecas na América Latina e o NCL |
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Autor | Fabián Rodrigo Magioli Núñez |
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Resumo Expandido | São poucas as publicações dedicadas à história das cinematecas na América Latina. No entanto, em âmbito acadêmico, alguns trabalhos dedicados à formação e à consolidação dessas instituições no Brasil e, por conseguinte, ao tema da preservação audiovisual em nosso país, foram recentemente defendidas.
Por outro lado, é possível localizar alguns poucos textos dedicados à preservação audiovisual na América Latina. É o caso do seminal relatório, encomendado pela UNESCO, “A ação dos cineclubes e das cinematecas na América Latina para o desenvolvimento da cultura cinematográfica” de Rudá de Andrade, apresentado em Santa Marguerita Ligure, em maio de 1961. No entanto, apesar dessa carência de estudos, é de notório saber, a quem é da área cinematográfica, a intrínseca relação entre a origem e a formação dessas instituições em nosso subcontinente com alguns nomes: Paulo Emílio Salles Gomes, Rudá de Andrade e Francisco Luiz de Almeida Salles (Cinemateca Brasileira), Antônio Moniz Vianna, Ruy Pereira da Silva e Cosme Alves Neto (Cinemateca do MAM), Roland [Andrés José Rolando Fustiñana] e Guillermo Fernández Jurado (Cinemateca Argentina), Walther Dassori e Manuel Martínez Carril (Cinemateca Uruguaya), Germán Puig, Ricardo Vigón e Héctor García Mesa (Cinemateca de Cuba), Pedro Chaskel (Cineteca Universitária e, posteriormente, Cinemateca Chilena da Resistência, localizada em Cuba), Manuel González Casanova (Filmoteca da UNAM), Margot Benacerraf e Rodolfo Izaguirre (Cinemateca Nacional, Venezuela), entre outros. Ressaltamos que as primeiras cinematecas da América Latina começam a surgir após o término da Segunda Guerra Mundial, sobretudo, a partir da virada dos anos 1940 aos 1950. Um dos principais impulsionadores de suas fundações é Henri Langlois, o mítico fundador da Cinemateca Francesa, que por intermédio de doação de cópias de filmes considerados esteticamente importantes na história do cinema (em sua maioria, obras francesas), ajuda a criar os fundos das recém-criadas cinematecas. Em alguns casos, tais lotes precedem as instituições de guarda, que surgem, portanto, estimuladas pelo empenho de importantes figuras locais do âmbito cinematográfico e cultural, por sua vez, estrategicamente apoiados, externamente, por Langlois. Segundo Martínez Carril, podemos, grosso modo, resumir a história das cinematecas latino-americanas em três momentos. Inicialmente, temos as primeiras cinematecas criadas por iniciativa de particulares, mais especificamente, por críticos e colecionadores. Um segundo momento, nos anos 1960, vemos a criação das cinematecas universitárias, por exemplo, a Filmoteca da UNAM, no México, e as Cinematecas Universitárias do Chile, Peru e Guatemala. Por último e mais recente, as cinematecas públicas, quando os Estados latino-americanos tomam uma relativa consciência da importância cultural do cinema, incluindo também a de sua memória (ou seja, não somente a produção). Ainda em meados dos anos 1950, surge a Seção Latino-Americana da FIAF, congregando as novas cinematecas. No entanto, em 1960, estoura uma forte crise no seio da FIAF, culminando na saída da Cinemateca Francesa da organização. Em solidariedade à sua congênere gaulesa, em especial, a Langlois, as cinematecas latino-americanas, em bloco, também se retiram da FIAF. Portanto, é por conta do Caso Langlois, que dura cerca de uns dez anos, que é criada a Unión de Cinematecas de América Latina (UCAL), em 1965, pois as nossas cinematecas necessitavam de um novo espaço de aglutinação e visibilidade internacional, uma vez que a Seção Latino-Americana da FIAF, simples e obviamente deixa de existir. Assim, a UCAL passa a ocupar um vazio institucional e, logo depois, a ingressar no impulso do Nuevo Cine Latinoamericano (NCL), uma vez que alguns de seus membros (inclusive ilustres) são ardorosos defensores do movimento. Assim, o discurso “terceiro-mundista”, típico do NCL, rapidamente também toma conta do âmbito da preservação audiovisual em nosso subcontinente. |
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Bibliografia | AVELLAR, José Carlos. A ponte clandestina. Rio de Janeiro/São Paulo: Ed. 34/Edusp, 1995.
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