ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | O ensino de ciência com cinema |
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Autor | João Luiz Leocadio da Nova |
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Resumo Expandido | A ciência moderna, considerada a partir de Galileu Galilei no século XVII, tem na observação visual o elemento central no desenvolvimento científico, para formulação de suas bases teóricas. A imagem protagoniza, a partir do positivismo, o papel de documento de comprovação para estudos de diferentes ciências, como a biologia, a física, a geografia, aproximando o cinema e, por conseqüência, o audiovisual das experiências sociais da melhor compreensão dos achados dos cientistas. Nessa aproximação, entre cinema e ciência, a trucagem se torna o campo de práticas e criações para que técnicos e artistas possam dar forma visual às essas hipóteses e teorias, comprovadas ou não, sobre todo o tipo de estudo do conhecimento humano. A inventividade aproxima os cineastas dos cientistas e o domínio dos efeitos, visuais e sonoros, constroem caminhos para representação simbólica ou epistêmica de avanços em diferentes áreas da pesquisa matemática e até psicanalítica. Formas de representar o imaginário ganham a concretização visual e aproximam os cineastas dos cientistas, que de alguma forma haviam estabelecido os fundamentos dos registros em movimento.
Nesse contexto, o licenciado em cinema e audiovisual necessita ter conhecimentos fundamentais das ciências exatas e humanas de modo a construir, ele próprio e os seus alunos, as pontes e articulações entre o conhecimento da linguagem cinematográfica e os diferentes campos do saber que se deseja trabalhar em sala de aula. Os filmes e suas apresentações transmidiáticas conferem aos estudos decorrentes das exibições, fragmentadas ou integrais, oportunidades de ampliar a experiência ou a vivência da realização em espaços de enriquecimento individual e coletivo sobre o universo da descoberta. Encontrar os caminhos da investigação como prática didática, para o ensino do cinema e do audiovisual, fortalece a identificação e projeção dos personagens com ações presenciadas nas telas projetadas em ambientes de estudo e de fruição. O pensamento científico aproxima-se do pensamento cinematográfico e sugere um fértil caminho para a descoberta do cinema e da ciência. Os irmãos Skladanowsky e Lumiére participaram ativamente dessa inovação. Percorrer as suas trajetórias pode proporcionar espaço didático diferencial para que alunos e licenciados produzam suas próprias descobertas. Reviver as condições dos primeiros cinemas, como exercício do ato de criação, ao lado da incorporação da última tecnologia de pós produção às experiências de realização, como desafios para essas representações, são possibilidades que não devem ser desconsideradas nos exercícios de aprendizagem com o cinema e o audiovisual. O ponto de vista do cineasta e do cientista tem como princípio a sua percepção de organização do mundo. E sua interpretação é decorrente desse lugar onde se está para observar as coisas e as pessoas. Desenvolver capacidade de observar torna mais significativo o que é observado levando a transformação da observação à medida que se modifica o conhecimento do observador. O domínio da linguagem, da trucagem à montagem, instrumentaliza o aprendiz a estabelecer o seu posicionamento diante de cada registro, ou diante de cada evento registrado, para releitura dos fenômenos visualizados de modo a instituir a sua reflexão e crítica do pensamento científico representado na tela. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. A parte do espectador. In: Aumont. Campinas: Papirus, 2006, p.78-96.
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