ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Quatro cineastas e diferentes visões das greves do ABC |
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Autor | Laécio Ricardo de Aquino Rodrigues |
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Resumo Expandido | O objetivo deste trabalho é refletir como o cinema, mais precisamente o documentário, dialogou com o movimento operário do ABC paulista, no contexto das grandes greves que eclodiram na região em fins dos anos de 1970. Todavia, o estudo não pretende se restringir unicamente aos títulos produzidos no calor dos acontecimentos, quando cineastas e metalúrgicos pareciam conectados a um desejo de transformação social, período de renascimento da militância sindical do País, propiciado pela anistia e o início do “degelo político”.
Assim, privilegiarei a leitura de três filmes: Greve (1979), de João Batista de Andrade; ABC da greve (finalizado em 1990), de Leon Hirszman; e Linha de montagem (1982), de Renato Tapajós, obras cujas imagens foram produzidas em meio aos conflitos entre o operariado e a repressão policial, ressaltando suas peculiaridades e pontos de convergência. Mas também pretendo incluir neste corpus o documentário Peões (2004), de Eduardo Coutinho. Realizado quase 25 anos após o desfecho da última grande greve no ABC, o filme de Coutinho desloca o foco da direção sindical, de sua pauta política e dos líderes que se projetaram a partir das paralisações (sobretudo, Luís Inácio Lula da Silva), priorizando os metalúrgicos anônimos que alavancaram as greves, mas que, na contemporaneidade, permanecem alijados das fábricas e sem contabilizar lucros simbólicos e/ou financeiros com o passado de militância. Malgrado as diferenças e afinidades entre as quatro produções, vislumbro um diálogo interessante entre os filmes que merece ser descortinado. Ao investir na leitura dos três primeiros títulos, desejo discutir as práticas de representação no cinema (suas limitações e níveis de engajamento), sem deixar de lado a urgência política que permanece como necessidade primeira do documentário (Comolli, 2008). Já o filme de Coutinho, em virtude do arco de melancolia que dele emana, pode ser lido como obra de clara inspiração Benjaminiana, sobretudo se considerarmos as famosas teses sobre a história propostas pelo filósofo alemão (Benjamin, 1987). Também desejo ressaltar outra virtude: neste documentário, o privilégio concedido aos anônimos das grandes greves aproxima Peões de um exercício de história oral. |
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Bibliografia | ALBERTI, Verena, FERNANDES, Tania Maria, e FERREIRA, Marieta de Moraes. (orgs). História oral – desafios para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz e CPDOC/FGV, 2000.
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