ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Desafios e experiências do ensino de cinema frente uma geração digital |
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Autor | Luciana Rodrigues Silva |
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Resumo Expandido | Uma nova geração vem ocupando as salas de aula, dotada de peculiaridades sem par com situações anteriores. Em razão dos impactos, inclusive psíquicos, que as tecnologias de informação causaram, em velocidade e emergência, muitos estudiosos defendem que esta nova geração, nascida na era digital, é completamente diversa na sua forma de pensar e agir. Os chamados “nativos digitais”,vêm sendo estudados de diversas teses internacionais. Atribui-se tal termo a Marc Prensky, especialista em tecnologia e educação, que também cunhou a denominação de “imigrantes digitais”. Em diversos trabalhos o autor procura definir quais as características de um e de outro.
Nativos digitais são os que nasceram em tempos de linguagem digital, dos computadores, videogames e da internet. Usam instantaneamente o hipertexto, ao mesmo tempo mandam mensagens em celulares, twitam, postam, baixam músicas e leem e-books. Cresceram sob o signo da circulação audiovisual, não só estão cercados por produtos audiovisuais que podem ser vistos em qualquer tempo e local como fazem filmes com seus celulares, os editam e postam em sites de vídeos, tudo sem sair de suas casas. Já os “imigrantes digitais” seriam todos os que conheceram o digital em outros momentos de suas vidas e, de alguma forma, foram adotados e adotaram-no, ficando por este, no todo ou em parte, fascinados sem, entretanto, nunca agirem da mesma forma que os nativos, tais como os professores das escolas de ensino médio e fundamental. Não é possível ignorar que esta geração nativa digital imprime uma nova realidade dentro das escolas e cria quase um paradoxo: se por um lado um número grande de estudantes já tem contato com equipamentos de captação de vídeo e edição por outro, muitos simplesmente não frequentam as salas de cinema e são completos analfabetos na compreensão das linguagens audiovisuais. Torna-se urgente, assim, imprimir uma nova realidade dentro das escolas, e nesse sentido o estudo de cinema e audiovisual tem muito a contribuir e a ganhar. O cinema cresceria e se qualificaria com uma formação para o estudo da linguagem e estéticas em todos os níveis de ensino. Além de divulgar o cinema brasileiro, de “formar público”, são necessárias políticas que trabalhem na formação de um olhar crítico sobre o audiovisual e suas diversas manifestações. Ressalte-se que um número cada vez mais expressivo de filmes vem sendo utilizado nas salas de aula brasileiras. Embora através de observações empíricas é possível notar que normalmente são utilizados como objetos descolados de sua linguagem e estética, meros suportes para disciplinas como língua portuguesa, história, geografia etc. Ademais o cinema brasileiro ainda é pouco conhecido dos próprios professores, que acabam exibindo, muitas vezes com recursos e equipamentos audiovisuais precários, filmes considerados blockbusters. Porém, ainda que muito timidamente, experiências estão sendo desenvolvidas para suprir esta lacuna, como o Programa Cine-Educação, criado em 2005 entre a Cinemateca Brasileira/Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, a Via Gutenberg e a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Este programa está estruturado e em expansão em diversos estados do País: “A proposta do Programa Cine-Educação nasceu da percepção de que o cinema é bem mais do que entretenimento e diversão. Capaz de propor discussões sobre qualquer tipo de questão, seja ela social, histórica ou de comportamento, a partir de uma diversidade e originalidade absolutas, o cinema propicia a ampliação da visão de mundo e o conhecimento de outras realidades. Dessa forma, o cinema contribui fortemente para a inserção ativa do aluno na sociedade e na sua formação como cidadão.” Professores universitários da área de cinema vêm trabalhando com o Cine-Educação em projetos, inclusive no DF, agregando aos materiais pedagógicos reflexões essenciais acerca da linguagem audiovisual. Essa e outras experiências nos propomos a debater nesse evento. |
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Bibliografia | COUCHOT, Edmond. A tecnologia na arte: da fotografia à realidade virtual. Tradução: Sandra Rey. Coleção Interfaces. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003.
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