ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | A ética como bússola para a nova cartografia do cinema mundial |
|
Autor | Ana Paula Martins Gouveia |
|
Resumo Expandido | Ao tentarmos perceber o que efetivamente é uma cartografia, podemos nos referir a ela como a arte de representar através de desenho parte ou totalidade da superfície terrestre, que é elaborada a partir de um sistema de projeção reduzida a uma dada escala. A designação de “Cartografia”, tal qual introduzida no século XIX, foi criada pela associação da palavra às cartas náuticas. Assim, podemos distinguir as cartas geográficas que delineiam os contornos dos continentes, e as cartas náuticas que, para além de nos mostrar esses contornos, também oferecem indicações para a orientação dos navegadores.
Gostaria de pensar na cartografia do cinema mundial, para este estudo, de uma forma mais ligada às antigas cartas náuticas, que também serviam como uma forma de orientação aos navegadores, mais do que um desenho preciso dos contornos dos novos filmes. Ao refletir sobre este sentido de bússola, utilizarei um exemplo específico do universo cinematográfico, onde encontro uma forma de orientação que se desdobra em vários aspectos da ética do fazer cinema. Selecionei então o quinto filme do cineasta alemão Philip Gröning, O Grande Silêncio (Die Grosse Stille), que parece trazer consigo um indicativo do proceder cinematográfico que, a meu ver, parece fundamental para que uma nova cartografia do cinema mundial, calcada na ética, possa ser traçada. Será feita então uma breve reflexão sobre o referido filme e as suas conexões com a filosofia no que toca a questão da ética, esta, entendida como os estudos sobre os meios de se alcançar a felicidade e também o significado que ela possa ter para cada um. O filme de Gröning se destaca triplamente dentro desta reflexão: Será feito um resgate do sentido de ética, conforme e sua origem grega na palavra “ethos”, em seu significado original "morada", "lugar onde se vive", além de “modo de ser”, “caráter”, “comportamento”, que fundamentalmente se questionava sobre a felicidade e os meios de se atingi-la; em contraste com a posterior moral, “mos” e “mores”, do latim “costume”, que se fundamenta na obediência às normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos e feitos pela sociedade. Assim sendo, refletiremos em primeiro lugar sobre o fato de o realizador dar um exemplo de conduta ética, pelo modo como se comporta ao longo de todo o trabalho, desde o momento em que decide filmar o mosteiro, até o momento em que o finaliza e, principalmente, as razões que o motivaram a escolha do tema; em segundo falaremos sobre “ethos” enquanto morada, e aqui se fará uma investigação sobre o ambiente filmado enquanto elemento do enunciado, e a sua posterior enunciação que cria uma nova morada para o espectador. Em terceiro lugar, penetraremos na temática do filme, no caminho percorrido, em como a busca do diretor se concilia, de alguma forma, com a busca dos monges ali retratados, assim como com a busca da felicidade, enquanto componente ético, em cada um de nós presentes na projeção do filme. Uma tentativa de compreensão de como a felicidade, pelo menos enquanto meta, é passível de ser alcançada. |
|
Bibliografia | CHEKHOV, Michael. Para o ator. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 2010 (primeira edição brasileira 1986).
|