ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Roberto Farias e sol maior de seus primeiros filmes |
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Autor | Antonio Carlos Tunico Amancio da Silva |
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Resumo Expandido | Roberto Farias no sol maior de seus primeiros filmes.
Roberto Farias comemora seus 80 anos em 2012 e é objeto de homenagens variadas pelo sua inserção no interior da atividade audiovisual brasileira de um modo particular. A começar por sua formação, diferenciada porque submetida à hierarquização fordista do sistema de estúdios - que prossegue na multiplicidade de campos em que tem atuado, passando pela realização, pela produção e pela distribuição, pela sua forte presença política nos diversos fóruns da atividade, com cargos executivos ou de representação, sempre alinhados à busca de um mercado e de uma estética para uma produção nacional, seja nos sindicatos ou à frente da Embrafilme. Além disto, é um dos poucos cineastas que estabeleceu uma carreira regular na televisão no terreno da realização, ampliando seu campo para uma associação de produtores que fundou o Canal Brasil. Estes 80 anos são uma oportunidade de rever sua obra e suas ideias e esta comunicação pretende refletir sobre a música em seus primeiros filmes. A partir de Rico ri à toa (1957), No mundo da lua (1958), Cidade ameaçada (1959) e Um candango na Belacap (1960), tentaremos evidenciar o diálogo que Roberto Farias estabelece entre a música e a sociedade brasileira, num momento de consolidação de uma esfera de consumo que engloba o rádio, o disco e o cinema, com ênfases diferenciadas. Os filmes serão analisados a partir da relação da sua dramaturgia com o campo sonoro/musical, indicando agregações a gêneros e estruturas industriais de produção e difusão. Trata-se de um espectro musical que cobre desde versões de canções de pegada juvenil de Sonia Delfino a composições mais sofisticadas para orquestra de Gabriel Migliori, de matriz erudita, passando pelos estratos populares de fundo rural como Zé Gonzaga e Marinês e sua gente ou o samba urbano de Wilson Batista na voz de Dolores Duran, em rara aparição no cinema. Um corpus onde não falta nem mesmo o pan-americanismo de George Green e seu folclórico mento jamaicano, antecedente do ska e do reggae, em inusitada homenagem. São registros diversos que demonstram a complexidade genérica da música brasileira daqueles anos (1957/1960), na fase imediatamente posterior ao lançamento da bossa nova. Assim, pretendemos verificar nos filmes o contexto musical do país em função das estruturas industriais que o sustentavam e especular sobre as funções narrativo/expressivas que permitiam a sua utilização, buscando sempre a visibilidade da mão de Roberto Farias a orquestrar o conjunto. Isto talvez nos ajude a entender alguns dos pressupostos de sua trilogia Roberto Carlos, que vai marcar sua(s) carreira(s) no futuro. |
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Bibliografia | AUGUSTO Sérgio. Este mundo é um pandeiro: a chanchada de Getulio a JK. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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