ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Preâmbulos para a discussão de uma economia do audiovisual na Bahia |
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Autor | Gabriel Amaral Pires |
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Resumo Expandido | Falar em economia do audiovisual no Brasil pode parecer estranho aos incautos, mas, por ser um setor altamente especializado, os seus produtos acabam mobilizando uma grande quantidade de pessoas. Só isso já seria o bastante para se discutir as relações importantes que são criadas para a realização audiovisual, sem nem levar em consideração as relações importantes que são geradas a partir da experiência audiovisual. Outra coisa que soa estranho é falar em economia de um setor altamente dependente do Estado, mais ainda em um estado periférico como a Bahia. Por isso, “sem os mecanismos de apoio governamental, teríamos uma indústria cultural quase que totalmente concentrada nas grandes produtoras da Região Sudeste, especialmente na área do audiovisual” (VALIATI, pag. 27).
A presença do Estado é necessária e definidora para o sucesso de setores culturais, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Os estados brasileiros por sua vez são os responsáveis por fomentar a produção local para que a máxima hegemônica do cinema internacional não se repita em âmbitos nacionais (no caso do audiovisual a concentração da produção no eixo Rio-São Paulo). Como diz Lia Calabre “para que o Estado possa cumprir esse papel de elaborador de políticas, é fundamental o conhecimento da área” (2009, p.9), no caso específico da Bahia, um estudo sobre um setor importante para o desenvolvimento da cultura, o audiovisual, só foi realizado há poucos anos, tendo sido divulgado em 2010 (Infocultura 5: Economia do audiovisual na Bahia e no Brasil: estudos e reflexões). Mesmo assim esse estudo trata mais de um levantamento sobre o setor do que um estudo sobre a (ausência e deficiência de uma) cadeia baiana de cinema. O número de filmes que utilizam os mecanismos de fomento do governo da Bahia é crescente, mas, o funcionamento das instâncias que deveriam intermediar o acesso dos produtores ao dinheiro para viabilizarem suas obras é instável. A instabilidade é justamente uma das tristes tradições das políticas culturais que aponta Albino Rubim (2008, p.185). O caso mais recente dessa instabilidade institucional é a saída do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB) da alçada da Secretaria de Cultura. Isso poderia ser encarado como um fato normal na rearrumação que foi feita com a criação da Secretaria de Comunicação, porém, era justamente o IRDEB que capitaneava a política para o audiovisual no estado, sendo inclusive um dos poucos estados que começou a pensar em uma política audiovisual que integrasse cinema e televisão. Não há uma preocupação com os outros elos da cadeia (no do cinema a distribuição e exibição). A consolidação da produção é, ainda, a principal discussão, sendo que muitas vezes os filmes produzidos tem sua única janela de exibição em festivais, quase todos sediados em Salvador. Na Bahia a cada filme acontece algo como o que aconteceu em meados dos anos 90, “um período em que cada debut cinematográfico era como se surgisse um renascimento do cinema local” (GATTI, p.108). O que causa estranheza é o fato de que quem primeiro fomentou uma discussão mais ampla sobre a economia do audiovisual foi o próprio governo, não houve uma demanda dos produtores por isso, entre esses a discussão principal é a verba que será disponibilizada para a realização de seus projetos. Então porque discutir uma economia do audiovisual em um estado que esta fora da grande rota da produção nacional? Justamente por ser o audiovisual a forma de produção cultural que mais tem chances de desenvolver uma cadeia produtiva perene (sempre com alguma interferência estatal). O fortalecimento dessa cadeia não levará a uma auto-sustentabilidade do setor, nem nacionalmente, mas, seria importantíssimo para que o setor do audiovisual baiano enxergue, e se organize, para possibilidades que vão além da preocupação com as verbas públicas para o financiamento de seus projetos. E comecem a serem pensadas outras questões básicas, como, por exemplo, as janelas de exibição. |
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Bibliografia | AUTRAN, Arthur. .O pensamento industrial cinematográfico brasileiro: ontem e hoje. In MELEIRO, Alessandra. São Paulo: Escrituras Editora. 2010.
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