ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Aonde anda a onda? – a recepção gaúcha da “novíssima onda baiana" |
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Autor | Maria do Socorro Sillva Carvalho |
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Resumo Expandido | Esta proposta de comunicação resulta de pesquisa realizada no âmbito de um estágio pós-doutoral na PUC-RS, concebida no campo da história, memória e das representações sociais, e investiga a recepção da produção recente de cinema na Bahia fora do estado. Em particular, busca-se conhecer a recepção gaúcha do cinema baiano, tratada como ampliação de estudos gerais acerca do cinema brasileiro, de discussões sobre cinema regional no Brasil e, sobretudo, como possibilidade de analisar essa filmografia como fenômeno cultural sob o ponto de vista do “outro”.
Em meados dos anos 1990, um grupo de jovens realizadores iniciados em experiências de filmes curtos engendra um período de produção na Bahia, que passa a ser conhecido como “a novíssima onda baiana”, em uma referência-homenagem ao Ciclo de Cinema Baiano (1958–1964), a partir de recorte feito em minha tese de doutorado A nova onda baiana: cinema na Bahia – 1958/1962 (CARVALHO, 2003). Dos quase quarenta filmes de longa-metragem então realizados, entre 2001 e 2011, apenas cinco foram exibidos em Porto Alegre: 3 histórias da Bahia (Edyala Iglesias, José Araripe Jr, Sérgio Machado, 2001), Eu me lembro (Edgard Navarro, 2005), Esses moços (José Araripe Jr., 2007), Filhos de João – o admirável mundo novo baiano (Henrique Dantas, 2009) e Jardim das Folhas Sagradas (Pola Ribeiro, 2011). Quanto aos curtas-metragens, em geral com espaço de exibição ainda mais restrito no circuito brasileiro, alguns foram exibidos em festivais e mostras, sobretudo nas salas mais abertas da cidade ao cinema brasileiro de “nicho”, como é o caso da cinematografia baiana aqui discutida. Na busca do cinema baiano no circuito exibidor gaúcho, encontram-se outras obras, vinculadas à ideia de “filme baiano”, com destaque para Cidade Baixa (2005) e Quincas Berro D’Água (2010), do cineasta baiano Sérgio Machado, e Ó pai ó (2007), da também baiana Monique Gardenberg, ambos radicados no Rio de Janeiro. A pesquisa em periódicos gaúchos, em especial os jornais diários Zero Hora e Correio do Povo, mostrou que o cinema baiano é pouco exibido em Porto Alegre, e parece que ainda menos debatido na imprensa. A maior parte dos filmes passa despercebida nas páginas que os veículos impressos destinam ao cinema, quase sempre ocupados pelo filme americano. Em geral, eles se destacam apenas quando trazem consigo um elemento qualquer de distinção, que pode ser o tema (a Bahia imaginada em torno da literatura de Jorge Amado, como no caso de Cidade Baixa, Quincas Berro D’Água e mesmo Capitães da areia (Cecília Amado, 2010); o cineasta Glauber Rocha visto por seu filho, Eryk Rocha, o músico Tom Zé e a música dos Novos Baianos nos documentários Rocha que voa, Fabricando Tom Zé e Filhos de João, respectivamente); os atores (Lázaro Ramos em Ó pai ó é o melhor exemplo); o tipo de produção (os efeitos especiais de Besouro (2009), do paulista João Daniel Tikhomiroff, foi noticiado e aguardado com curiosidade); e até referências cinematográficas (Eu me lembro foi apresentado como o grande vencedor do Festival de Brasília (2005) e o primeiro longa-metragem do “célebre” realizador do transgressor Superoutro (1989), além de inspirado no clássico Amarcord (1973), de Federico Fellini). De modo geral, conclui-se que não há referências expressivas da produção baiana de cinema em Porto Alegre, como sabemos não haver igualmente fortes indícios do cinema gaúcho no circuito exibidor soteropolitano. Mas certamente as distâncias entre os dois polos cinematográficos poderiam ser diminuídas com um melhor sistema de distribuição/exibição de filmes brasileiros no país, pois o interesse mútuo entre baianos e gaúchos é evidente, sobretudo quando se pensa os dois estados como representantes de culturas fortemente marcadas por especificidades regionais. |
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Bibliografia | CARVALHO, Maria do Socorro Silva. A Nova Onda Baiana: cinema na Bahia - 1958/1962. Salvador: Edufba, 2003.
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