ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | As aberturas afetivas para o trabalho com audiovisual na educação |
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Autor | Marilia da Silva Franco |
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Resumo Expandido | O cinema começou a ser pensado no contexto da educação formal por volta dos anos 1920. Dessa época até os anos 2000 as análises psicopedagógicas de que foi objeto sempre foram do ponto de vista da recepção.
Bem e mal lhe foram atribuídos como influência e possibilidade de formação e deformação. Nunca, porém, deixou-se de reconhecer o forte potencial de adesão afetiva que apresentava, tanto que vários países desenvolveram cinematografias educativas com múltiplas experiências de formatos e gestão, sem que tenham encontrado algum modelo suficientemente eficiente ou inovador que chegasse a marcar a proposta. De qualquer modo, enquanto cinema, sempre havia condições de controle do acesso para crianças e jovens. A igreja católica inclusive criou um setor de análise e orientação para o consumo do cinema desde 1928, com a OCIC - Organização Católica Internacional de Cinema - hoje SIGNIS. A partir da expansão da comunicação audiovisual para a tela da televisão, e sua consequente invasão do ambiente doméstico dificultando o controle sobre o consumo de seus conteúdos por crianças e jovens, a demonização de sua influência ficou mais acentuada. Estudos científicos mais objetivos sobre a natureza do fascínio e das indiscutíveis aprendizagens oferecidas pela linguagem cinematográfico/audiovisual, que foi avassalador desde que o trem chegou à estação, não foram realizados em número e profundidade que pudessem confirmar ou alterar o rumo das análises de caráter moral e/ou estética e/ou ideológica que predominaram nesses 80 anos. A televisão consolidou a adesão maciça e massiva às linguagens audiovisuais e não foi mais a escola “que foi ao cinema”, mas a cultura audiovisual que invadiu as salas de aula por ter formado hábitos, gostos e visões de mundo dos alunos antes de qualquer influência possível dos professores e do conhecimento escolar. A parte fraca nessa cadeia têm sido os docentes que sequer conseguem aproveitar sua própria experiência como espectadores para aplicá-la aos fazeres pedagógicos. Com honrosas exceções, como sempre. O fenômeno da abertura aos novos equipamentos digitais e às novas mídias, que vem crescendo neste século, trouxe um novo ingrediente a esta receita ainda mal testada. Hoje crianças e jovens, além de ver cinema e TV, também exercitam-se com muita familiaridade nas múltiplas expressões audiovisuais. Deixaram, pois, ou mesmo nem chegaram a ser, apenas espectadores/receptores. Hoje podem ser produtores de conteúdo audiovisual que cumprem toda a cadeia de comunicação, pois concebem, executam, divulgam e recebem feedbacks como “gente grande”. Que fenômeno é esse, que pulou algumas gerações, e hoje se desenvolve ao largo e ante a perplexidade dos métodos da educação escolar? Que fundamentos expressivo-cognitivos sustentam uma apropriação tão competente da complexa linguagem audiovisual pelas novíssimas gerações? Em que ponto as múltiplas pedagogias, que enfrentaram as radicais transformações do século XX, perderam o atalho que levaria a integração orgânica da comunicação na formação das novas gerações? Como preparar professores para enfrentar essa nova realidade? |
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Bibliografia | ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. S.Paulo, Pioneira, 1991.
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