ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Cruzamentos entre animação e efeitos visuais |
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Autor | Roberto Tietzmann |
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Resumo Expandido | Nesta comunicação discutimos cruzamentos entre as trajetórias dos efeitos visuais e da animação em períodos da história do cinema marcados por circunstâncias tecnológicas e uma busca de verossimilhança na imagem apresentada ao espectador. A animação tem suas raízes tecnológicas e instrumentais estabelecidas décadas antes das tecnologias de cinema ao final do século XIX, tirando proveito do nascente meio em poucos anos e rapidamente desenvolvendo diversas técnicas específicas. No entanto, os primeiros filmes animados não buscavam confundir o espectador a respeito da natureza de suas imagens, deixando claro que a síntese do movimento tinha raízes na autoria de um artista gráfico como é mostrado em The Enchanted Drawing (Blackton, 1900) onde um artista provoca o rosto que ilustra, Fantasmagorie (Cohl, 1908) onde a mão do desenhista entra em cena à moda de um deus-ex-machina e culminando em Little Nemo (Blackton; McCay,1911) que gira em torno de uma representação ficcional da aposta de como produzir as imagens animadas entre vários cartunistas. Outras técnicas para realizar animação como o stop motion Revenge of the Kinematograph Cameraman (Starevich,1911) tiram proveito dos movimentos impossíveis de realizar de outras maneiras. Lado a lado com a animação os efeitos visuais se desenvolveram rapidamente nos primeiros anos do cinema passando a estender as possibilidades para além dos limites do que era registrável com uma câmera. Ao contrário da animação os efeitos visuais sempre buscaram demonstrar o impossível para os espectadores de um modo que as mecânicas que possibilitam as trucagens fossem ocultadas, tivessem os filmes um viés mais realista ou fantasioso. Matrizes conceituais para os efeitos visuais partem dos instrumentos mecânicos para os palcos do teatro grego, capazes de fazer voar personagens e substituir cenários com agilidade chamando pouca atenção para o maquinário (Chondros, 2004) e também da tradição de edição e manipulação de fotografias com propósitos artísticos e criativos a partir da metade do século XIX (Wheeler, 2002). Assim, efeitos visuais se definiram de uma maneira ampla como o resultado de técnicas de produção de imagem em movimento que substituem ou complementam a captação integral da imagem com uma câmera em um único momento. Em comum a todos os conceitos sobre efeitos visuais presentes em Aumont e Marie (2006), Fielding (1985), Sawicki (2007), é constante esta ideia de substituição através da aplicação de uma ou mais técnicas. Entre elas Rickitt (2000) estabelece animação como uma das seis categorias de efeitos visuais, um cruzamento entre áreas que coloca a síntese de movimento a serviço da síntese de imagens em substituição. O uso crescente de animação digital como base de efeitos visuais em filmes a partir da década de 1980 corrobora esta afirmação. Propomos três categorias básicas para discutir tais cruzamentos: na primeira a animação busca ser um substituto pleno à imagem captada por câmeras, representando algum fato ou acontecimento lastreado em documentação – em uma linha que se estende do Sinking of the Lusitania (McCay, 1918) às reconstituições contemporâneas; na segunda a animação serve como suporte principal aos efeitos visuais, sofrendo as limitações de ter de resolver as áreas de contato entre o que foi filmado e animado – a interseção presente na maioria dos filmes onde há a necessidade hábil de negociar uma barreira invisível entre os elementos; como terceira as limitações, restrições e arestas da animação e efeitos visuais são assumidas e evidentes ao espectador em uma sugestão de inclusão e parataxe – um estilo assumido por diretores como Michel Gondry. |
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Bibliografia | AUMONT, J.; MARIE, M. Dicionário técnico e crítico de cinema (segunda edição). Campinas : Papyrus Editora, 2006.
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