ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | O céu sobre os ombros: notas sobre a mise-en-scène cinematográfica |
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Autor | Bruno Saphira Ferreira Andrade |
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Resumo Expandido | A proposta de comunicação pretende desenvolver uma análise do filme O céu sobre os ombros tendo como principais aspectos de abordagem as formas de presença das personagens reais em cena e a construção dos espaços fílmicos vinculados à noção de mise-en-scène no cinema, buscando problematizá-la e especificá-la ao campo de expressão do cinema documentário. Para tanto, além das abordagens recentes sobre a construção da mise-en-scène cinematográfica como elemento potencializador da análise fílmica, o trabalho assume alguns parâmetros desenvolvidos pelo pesquisador Roger Odin na elaboração de um método semiopragmático que tem como interesse prioritário compreender as formas de produção de sentido e afeto entre os movimentos de realização e leitura da obra.
O céu sobre os ombros, produção brasileira de 2011 dirigido pelo cineasta Sergio Borges, é especialmente rico para a abordagem proposta por desenvolver uma relação entre as três personagens e suas maneiras de atuarem no e para o filme bastante peculiares, que nos fazem transitar entre modos documentarizantes e ficcionalizantes - dois dos principais modos de produção de sentido e afeto estabelecidos por Odin - das possibilidades de leitura da obra. A auto representação das personagens em consonância com um conjunto de procedimentos de composição fílmica acabam por criar um hibridismo enriquecedor da criação espaço temporal do filme e consequentemente da criação do espaço do espectador - noção de receptividade assumida por Odin em referência ao que o teórico Alain Bergala, em Iniciacion à la sémiologie du récit em images, Les Cahiers de audiovisuel, chama de “Outro Campo”, que remete a um espaço da espectatorialidade criada a partir do filme. As noções de mise-en-scène trabalhadas na comunicação serão provenientes das recentes publicações dos autores: Jacques Aumont, em O cinema e a encenação; David Bordwell, em Figuras traçadas na luz, abordagem mais abrangentes que procuram entender, de maneiras diferentes, as transformações históricas e formais da mise-en-scène cinematográfica, suas especificidades e potencialidades para arte cinematográfica. Do pesquisador brasileiro Fernão Pessoa Ramos, que tem dedicado recente atenção ao tema, procurando problematizar e sistematizar formas de mise-en-scène no cinema documentário. E do pesquisador, também brasileiro, Cesar Guimarães que, a partir das noções de auto-mise-en-scène, desenvolvida pelo teórico e crítico Jean-Louis Comolli - em textos reunidos na publicação Ver e poder. A inocência perdida: cinema, televisão, ficção, documentário, que também serão abordados no presente trabalho. - e das análises e aplicações do conceito de duração que o filósofo Gilles Deleuze traz para o cinema a partir da obra Matéria e memória do também filósofo Henri Bérgson, trará uma inovadora análise das potencialidades que uma mise-en-scène documentária possibilita à expressividade do cinema ao afirmar, por exemplo, a necessidade de “tempo para que os corpos exponham as heterogêneas temporalidades que os povoam”. (2009: p.42). Tais noções aliadas aos parâmetros estabelecidos por Roger Odin, em seu esforço de traçar um método semiopragmático de análise fílmica, irão guiar a comunicação, que pretende a partir da análise do filme O céu sobre os ombros trazer contribuições às discussões sobre mise-en-scène cinematográfica, mise-en-scène documentária, auto-mise-en-scène no filme documentário. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. O cinema e a encenação. Lisboa: Texto & Gráfica, 2008.
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