ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | A teoria de Cesare Brandi aplicada à restauração de som no cinema |
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Autor | Joice Scavone Costa |
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Resumo Expandido | Este trabalho versará sobre a teoria da restauração de Cesare Brandi aplicada à restauração do elemento sonoro intrínseco a um artefato considerado artístico, o filme, ou a obra de arte cinematográfica e fílmica.
A teoria da restauração de arte aborda diferentes aspectos desse percurso ideal, do surgimento de um objeto até a restauração desse mesmo objeto, com vistas a uma nova experiência com ele, guardados os devidos limites de seu contexto original. Dessa forma, iremos enquadrar o cinema como esta arte e, além disso, escolhemos parte desse processo: a restauração de som – que não deve ser tratado dissociado da imagem. Quando falamos de restauração de som no cinema, levamos em conta muito mais do que o específico sonoro. Mesmo que o filme nunca tenha sido uma "arte silenciosa" - a partir de suas origens era acompanhado por música, efeitos sonoros, vozes de atores e cantores - a maioria das restaurações atribui menos importância aos recursos e conhecimentos para a recuperação da banda sonora do que da imagem. Vários suportes sonoros separados da imagem, tais como cilindros, discos e fitas de seus diversos tipos foram preservadas pelos arquivos e carecem de um nível muito elevado de conhecimentos técnicos para a preservação dos materiais. Para a composição sonora de um filme, são gerados documentos em papel para a orientação do trabalho (mapas sonoros, partituras) a ser realizado e são necessárias condições técnicas para a gravação (captação) inicial desse som e tratamentos como a transferência de um suporte físico para outro, mixagem, modulação, amplificação, restituição por alto-falantes distribuídos pela sala de exibição e a escuta em volume espacial. Preservadas as sobras físicas desse processo de criação, é possível o melhor resultado da restauração de som. Guiar-nos-emos por uma vertente da teoria da restauração encabeçada por Cesare Brandi. Brandi produziu numerosos e relevantes textos sobre crítica e história da arte, estética e restauração. Dirigiu por duas décadas o Instituto Centrale Del Restauro (ICR) em Roma e foi professor universitário em Palermo e Roma. Seu livro Teoria da Restauração, inicialmente editado em 1963, é um escrito basilar ainda não superado nesse campo. A vasta experiência prática que ele acumulou no ICR é analisada em um texto denso onde ele articula com profundidade e rigor as questões ligadas à preservação de bens culturais. Embasado em princípios sólidos e coesos, seu trabalho deve sempre ser consultado para enfrentar questões da restauração de modo fundamentado e responsável. Junto a essa teoria, percorreremos nesse trabalho a consciência ética necessária a uma restauração, nos aproveitaremos das experiências de alguns dos responsáveis pelos projetos de restauração de filmes, especificamente restauração de som de filmes, dos anos 1930 realizados no Brasil e cruzaremos teoria e prática. É a obra de arte que condiciona a restauração e não o oposto. É no ato do reconhecimento dessa obra que as “premissas e condições” na relação da restauração com a obra de arte são reveladas exigindo não apenas a avaliação da “matéria através da qual a obra de arte subsiste, mas também a bipolaridade com que a obra de arte se oferece à consciência”. Ou seja, como produto humano, o restaurador encontrará a “dúplice instância estética e histórica” que deverá ser pesada e avaliada durante todo o processo de restauro. A pesquisa comentada em nosso texto servirá a essa necessidade. Na transposição da teoria criada para a arquitetura e outras artes materiais, ao cinema, o reconhecimento se dá a partir do material remanescente. Levantaremos questões a partir das restaurações realizadas nos títulos Limite, de Mário Peixoto (1931) Mulher, de Octávio Gabus Mendes (1931) e Ganga Bruta, de Humberto Mauro (1933). |
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Bibliografia | BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo: Ateliê Editorial, 2008.
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