ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Walter da Silveira: entre a crítica de cinema e a análise fílmica |
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Autor | Rafael Oliveira Carvalho |
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Resumo Expandido | De forma mais ampla, existem dois tipos de utilização do juízo crítico aplicado à apreciação das obras fílmicas: os críticos de cinema propriamente ditos, relacionados ao trabalho jornalístico dentro do campo do jornalismo cultural, cujos textos são veiculados em diversos meios de comunicação, e por outro lado há os acadêmicos que se utilizam das ferramentas de análise fílmica para estudar um filme a partir de determinados pressupostos teórico-metodológicos (CARVALHO, 2002). Embora ambos possuam suas distinções, é correto dizer que todo crítico deve ter uma visão analítica das obras do cinema e que, por sua vez, o analista precisa lançar um olhar crítico sobre a obra estudada.
Segundo Jacques Aumont e Michel Marie (2004), “o crítico informa e oferece um juízo de apreciação; o analista deve produzir conhecimento” (p. 14). A partir dessas considerações, os autores fazem um esforço para separar as duas funções: o crítico se assemelha mais à figura do cinéfilo que “informa e oferece um juízo de apreciação” (p. 14) das obras fílmicas, enquanto que o analista, dentro do campo científico, ao produzir conhecimento, descreve meticulosamente o objeto estudado a fim de testar alguma questão. No entanto, nada impede que essas duas vertentes possam estar presentes num mesmo texto. Regina Gomes (2006) observa: “Se a crítica de cinema tem uma função mediadora entre a obra e o leitor, ela assume seu papel de informar e paralelamente de formar” (p. 7). Dessa forma, o pressuposto defendido por Aumont e Marie de que a análise fílmica produz conhecimento (mesmo que os autores estejam falando de conhecimento científico), este também pode ser encontrado nas críticas de cinema quando são bem embasadas, aprofundadas e defendidas. Assim, podemos falar não numa crítica-análise, mas antes de um caráter analítico a ser encontrado nas críticas cinematográficas. Vários autores, dentre eles Daniel Piza (2006), apontam para um estado de crise que a crítica de cinema enfrenta atualmente, pois elas já não possuem o mesmo nível de influência de antes, e os textos se dedicam cada vez mais a valorizar as celebridades e menos os produtos em si. Dessa forma, os textos críticos com caráter mais aprofundado são encontrados num outro momento histórico em que os profissionais possuíam maior espaço e credibilidade, além de prezarem por abordagens mais amplas sobre os filmes. A fim de buscar identificar as possíveis imbricações que a análise fílmica e a crítica cinematográfica possam ter num mesmo produto de apreciação do cinema, iremos utilizar como objeto de estudo as análises críticas feitas pelo ensaísta e crítico baiano Walter da Silveira, que desenvolveu uma larga atividade na área entre as décadas de 40 e 60. Embora não fosse formado em jornalismo (era advogado de formação, profissão que exerceu durante toda sua vida), Silveira escrevia para diversos periódicos da Bahia e porventura de outros estados. Junta-se a sua trajetória como crítico e ensaísta, as funções de cineclubista, professor e grande incentivador da cinematografia brasileira e baiana. Um intelectual, portanto, que prezava pela formação e conscientização do público diante da sétima arte. Para Maria do Socorro Carvalho (2003), a produção escrita de Walter da Silveira trazia preocupações com as questões estético-históricas do cinema. A partir de um corpus de análise a ser estabelecido, iremos propor uma observação sobre as funções e atribuições dos textos de Walter da Silveira, inserindo-os dentro das discussões e particularidades da crítica de cinema e da análise fílmica, buscando assim identificar o teor interpretativo que cada uma delas possui. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. A análise do filme. 2. ed. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2004.
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