ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Ocultar e revelar: do cinema à sala de aula |
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Autor | Adriana Mabel Fresquet |
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Resumo Expandido | Este trabalho traz algumas reflexões sobre a categoria ocultar e revelar, como critério das práticas sugeridas por Alain Bergala na consultoria realizada no Laboratório de Educação, Cinema e Audiovisual da UFRJ em dezembro 2011, a propósito da experiência de criação de escolas de cinema em escolas públicas de educação básica no Rio de Janeiro. A consultoria visou planejar e acompanhar um curso de aperfeiçoamento para os professores das escolas selecionadas via edital (DOU 134), assim como a criação de um centro de pesquisa e docência em cinema e educação que permitisse dar suporte ao funcionamento das novas escolas, capitalizando a experiência da escola de cinema do CAp UFRJ, criada em 2008.
Este projeto se insere no contexto de uma pesquisa que tem por objetivo estudar experiências de iniciação ao cinema dentro e fora da escola. Seus seminários de leitura se enriquecem pela articulação com o programa de extensão, que ensaia diversificar atividades com professores e estudantes de educação básica nas escolas, mas também no espaço da Cinemateca do MAM-Rio e no Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira/UFRJ. Bergala escolheu esta categoria que em 2011 serviu como eixo comum para o trabalho desenvolvido no projeto de Cem anos de juventude que coordena com Natalie Bourgeois da Cinemateca Francesa em parceria com instituições de Espanha, Itália, Alemanha e inclusive Rio de Janeiro (Imagens em movimento). Fazer pequenos filmes atentos à categoria “ocultar e revelar” significa concretamente endereçar as atividades de pré-produção, produção e pós-produção visando esconder algo no começo que virá a ser revelado aos poucos, ou no final inclusive. Ela nos permitirá trazer flashes da história do cinema, introduzir diversos cineastas numa relação de filiação a propósito de apresentar alguns elementos da linguagem com o fim de apropriá-los para esconder ou mostrar algo no filme. Os seminários de pesquisa buscam identificar traços da pedagogia de alguns cineastas, que emergem como sinalizadores de um caminho construído a cada passo. As reflexões sobre a categoria escolhida relacionam leituras de Bergala, Bernardet, Migliorin, Leandro, e em particular este ano, temos procurado as pegadas dos caminhos de Kiarostami, como quer Jean Claude Bernardet, que parece conhecer bem de perto os secretos e mistérios da “arte de ocultar e revelar” no processo de criação cinematográfica. Os debates e discussões dos autores se cruzam com a análise dos curtas desenvolvidos pelos professores durante o curso e dos curtas desenvolvidos pelas crianças das respectivas escolas: CIEP 175 José Lins do Rego (São João de Merití); Colégio Estadual José Martins da Costa (Nova Friburgo); Escola Municipal Vereador Antônio Ignácio Coelho (Paraíba do Sul) e Escola Municipal Prefeito Djalma Maranhão (Vidigal, Rio). Além das 4 escolas contempladas, acompanharão o mesmo tipo de atividades o CAp UFRJ, o Colégio Benjamin Constant e o Instituto Nacional de Surdos (INES), que apresentando um desafio maior a ser desvendado conjuntamente, também se incorporam ao projeto este ano. Ocultar e revelar vem do cinema para a educação com uma força paradigmática. Quiçá, a agonia dessa educação que vive em crise há tanto tempo, possa se reverter se ela conseguir se reinventar a partir dessa pista. Quem sabe, se ela repensar seu gesto de ensinar tudo da maneira mais completa e clara perceba que desse modo desinteressa ao aluno, o deixa passivo, não agita sua curiosidade, sequer seduz seu desejo de conhecer. Talvez, ela possa ocultar aquelas pegadas dos caminhos escolhidos pelo professor em permanentemente busca e tornar-se algo mais misteriosa acompanhando a cada estudante, que com o pretexto de descobrir as pegadas do mestre venha a revelar assim, seu próprio caminho. |
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Bibliografia | BERGALA, Alain. Abbas Kiarostami. Paris: Cahiers du Cinéma, 2004.
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