ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | O documentário, a sala de cinema e o público |
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Autor | Teresa Noll Trindade |
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Resumo Expandido | O documentário sempre fez parte da cinematografia nacional, em diferentes períodos da história, ainda que para muitos com o viés de “primo pobre do verdadeiro cinema”, o ficcional, expressão cunhada por Elinaldo Teixeira (2004, p.8). O fato é que, a partir do século XXI, essa produção passa a assumir uma visibilidade e um protagonismo nunca apresentado antes, alcançando a mais concorrida janela de exibição de um filme: a sala de cinema.
O documentário passou progressivamente a ser direcionado às salas. Isso fica claro, quando analisamos os números de lançamentos dos últimos anos: em 2000 foram seis filmes; 2001 sete; 2002 dez; 2003, relativa queda, cinco; 2004 dezesseis; 2005 quinze; 2006 vinte e quatro; 2007 trinta e dois; 2008 vinte e sete; 2009 quarenta; e 2010 trinta e dois. É interessante perceber também que, no caso do produto não-ficcional, estamos superando o produto internacional, sendo que em 2010 foram lançados quarenta e cinco documentários no mercado brasileiro, sendo que desses, trinta e dois eram nacionais. Oposto do que ocorre no caso da ficção, onde o produto estrangeiro prevalece sobre o nacional. Esse cenário não é comum a outros países, principalmente na Europa, onde apenas uma parcela pequena de documentários chega a ser exibido em sala de cinema, visto que grande parte da produção é direcionada para a televisão, onde há canais exclusivos a ele, ou ainda são produzidos dentro da rede de televisão, utilizando recursos próprios desta e sendo posteriormente incluídos na grade de programação. No caso espanhol, alcançaram a sala de cinema aqueles filmes que carregavam traços autorais, ou ainda, que dispuseram de orçamentos maiores que a média dos documentários. No Brasil, com a nova Lei 12.485 e a demanda por produtos nacionais, existe a expectativa de que uma parcela dessa produção, assim como a ficcional, seja concebida para a televisão. Em uma apreciação mais detalhada desse cenário, é possível perceber que a imensa maioria desses filmes tem obtido públicos inferiores a 25 mil espectadores e permanecido pouco tempo em cartaz. Porém, a análise da dimensão do sucesso de um filme em sala envolve variáveis e requer uma avaliação filme a filme. Mas, o que se pode afirmar embasado em dados estatísticos desta pesquisa é que embora o documentário alcance a sala de cinema, ou seja, um aumento numérico de lançamentos, o público desses filmes vem progressivamente se pulverizado e, por consequência, o número de espectadores por filme tem diminuído. Dentro do universo de realizadores de documentários no Brasil dos últimos dez anos, mais de 80% realizou apenas 1 filme. Se consideramos aqueles que realizaram mais de um documentário dentro de dez anos (2000-2009) podemos citar, entre outros, Eduardo Coutinho, João Moreira Salles, João Jardim e Evaldo Mocarzel, que foi quem teve o maior número de documentários exibidos em sala de cinema nesse período, totalizando sete filmes. Entretanto se examinarmos as bilheterias de seus filmes, constataremos que elas representam uma média de público de 1.162 espectadores por filme, um dos menores índices avaliados. Dessa maneira, o presente estudo busca analisar o modelo de distribuição adotado por dois filmes desse mesmo diretor: Mensageiras da Luz – Parteiras da Amazônia (2005), 135 espectadores; e A margem da Imagem (2004), 1.728 espectadores, ambos distribuídos pela SP Filmes. |
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Bibliografia | AUTRAN, Authur. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. Tese (Doutorado em Multimeios). Instituto de Artes, Unicamp, Campinas. 2004.
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