ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | A favela – narrativas migrantes e perspectivas de futuro em cinco produções audiovisuais |
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Autor | Paula Paschoalick |
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Coautor | Daniele Gross |
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Resumo Expandido | É notória a presença do tema “favela” nas produções que participaram da retomada comercial da produção audiovisual brasileira no final da década de 1990 e início do século XXI. Grandes bilheterias, indicações para prêmios internacionais, produções para a televisão. Todo um arcabouço narrativo fílmico formatou uma concepção de favela brasileira assim como indicou perspectivas de futuro para essas comunidades que migraram das páginas policiais para a grande tela e de lá para o sofá da sala das famílias brasileiras.
Assim, filmes como Notícias de uma guerra particular (1999), Palace II (2000), Cidade de Deus (2002), Cidade dos Homens (2002), entre outros, são obras – ficcionais ou documentais – que trazem novas representações dessas minorias (HAMBURGER, 2007, 114), antes pouco mostradas nos espaços midiáticos – e, quando o eram, na maioria das vezes, o faziam de forma exclusivamente pejorativa ou depreciativa. Nesse processo, padrões narrativos migraram de uma obra para outra estabelecendo conexões (FIGUEIREDO, 2010) e um ideário do que seria a favela e o favelado brasileiro, como se comporta, o que sofre, o que faz, como é. No entanto, nesse percurso de contato entre a sociedade do asfalto e a comunidade dos morros favelados, essas narrativas foram modificando-se através do tempo e principalmente do meio para onde eram produzidas, ou, como nos traz Hamburger, “diferentes formas de apropriação dos mecanismos de produção da representação” (2005, 208, grifo da autora). E é esse percurso de domesticação do discurso e de apontamentos diferenciados sobre as perspectivas de futuro para as comunidades faveladas que pretendemos traçar. A proposta então é iniciar a investigação pelo documentário Notícias de uma guerra particular, direção de João Moreira Salles e Kátia Lund, em que um narrador auxiliar, bem ao estilo do narrador sociológico do qual nos fala Jean Claude Bernardet (2003), apresenta histórias de uma favela que o país não conhecia a não ser pelo noticiário policial sensacionalista. A partir desse documentário, várias outras produções se articularam em torno do tema, apropriando-se de narrativas que migram pelas obras reproduzindo-se, mas também se modificando, expressando perspectivas futuras diferenciadas para essas comunidades, como pretendemos demonstrar através das análises fílmicas dos minutos finais das obras: Palace II, curta metragem produzido para televisão em 2000; Cidade de Deus, filme de 2002; Cidade dos Homens, série de televisão produzida em 2002 (1ª temporada) e Cidade dos Homens, o filme, de 2007. Além dos minutos finais do documentário Notícias de uma guerra particular. Ainda em Hamburger (2005, 214-215), ao se interpretar os significados que essas narrativas midiáticas carregam, é necessário repensar-se a ideia de espetáculo trazida por Guy Debord, e que Auerbach traz em Figura (1997) como uma lógica da profecia – bastante presente no Cinema Novo brasileiro. Por fim, buscaremos demonstrar como os discursos são articulados nesses filmes, pelo viés da análise fílmica como montagem, jogos de luz, opções de enquadramento. Nessas representações da favela, enfim, procuraremos traçar quais as conexões existentes nessas obras, que ora se aproximam, ora se distanciam num traçado de perspectivas futuras variadas. |
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Bibliografia | AUERBACH, Erich. Figura. São Paulo: Ática, 1997.
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