ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Nos rastros de Limite: uma reflexão metodológica |
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Autor | Alexandre Ramos Vasques |
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Resumo Expandido | A pesquisa de mestrado Nos rastros de "Limite": um estudo de caso na história da preservação das imagens em movimento no Brasil que desenvolvemos no Programa de Pós Graduação em Imagem e Som da UFSCar procura investigar as intervenções e manipulações realizadas nos materiais fílmicos de Limite.
Visando o desenvolvimento satisfatório da pesquisa verificamos a demanda por ações específicas no campo metodológico que deveriam envolver desde as tradicionais coletas de dados em documentos textuais relacionados a Limite até a utilização de equipamentos capazes de digitalizar profissionalmente trechos dos materiais fílmicos (documentos audiovisuais) da obra. Focamos inicialmente nossas ações numa metodologia de pesquisa mais tradicional, porém não menos importante, porque necessária para subsidiar a parte mais técnica, utilizada num segundo momento. A fase bibliográfica da pesquisa já apontou sua relevância por nos proporcionar a escolha dos documentos audiovisuais que, num segundo momento, seriam analisados em mesa enroladeira. Primeiramente, realizamos um levantamento, leitura e fichamento da bibliografia: uma mais específica sobre Limite, que englobava análises fílmicas e textos biográficos sobre Mário Peixoto, e também livros, e, principalmente, recortes de jornais e revistas que dão conta da produção do filme; e outra mais técnica, essencial na área da arquivística audiovisual, fornecendo ao pesquisador condições para que ele trabalhe os conceitos e os termos técnicos pertinentes à área de preservação. A segunda etapa neste primeiro momento metodológico envolveu a pesquisa, a análise e a coleta de dados em documentos textuais ligados a Limite, depositados na Cinemateca Brasileira, no Centro Técnico Audiovisual e no Arquivo Mário Peixoto. Nos anos 1980, período que denominamos a Era Embrafilme de Limite, encontramos uma quantidade bastante considerável de documentos depositados nos três arquivos mencionados acima. Outro momento importante da pesquisa envolve a realização de entrevistas. Saulo Pereira de Mello, restaurador de Limite, foi entrevistado algumas vezes. Além dele, profissionais ligados à rotina dos laboratórios cinematográficos também foram entrevistados, tais como Victor Bregman (ex-diretor da Líder Cine Laboratórios) e Chico Moreira (ex-laboratorista da Líder e atualmente restaurador de filmes na Labocine). Estas entrevistas ocorreram paralelamente à segunda fase da metodologia de pesquisa, nos dando a oportunidade de apresentar aos entrevistados algumas imagens selecionadas e registradas, obtendo assim informações preciosas, relacionadas aos procedimentos laboratoriais dos anos 1960-80. Dispondo de um scanner profissional para digitalização dos trechos escolhidos do internegativo, máster e cópia de Limite conseguimos identificar algumas características comuns a todos os materiais. Na verdade, são impressões de marcas de gerações anteriores copiadas no suporte que analisamos. A partir daí, elencamos quatro tipos de ocorrências encontradas nos materiais que nos auxiliam na investigação do nível geracional de cada material: - Marcas de emenda - Impressão de picotes de marcação de luz - Perfurações copiadas - Marcas de borda O importante aqui é compararmos o mesmo trecho de Limite nos materiais que dispomos para análise e observarmos de que maneira uma destas características se manifesta. Uma marca de emenda de durex, por exemplo, se for produzida num material negativo, obrigatoriamente, no material positivo, segundo princípios fotográficos, tal marca terá contornos escuros, e num material negativo posterior a este positivo, a marca de emenda passa a ter contornos mais claros. Utilizamos este exemplo porque as marcas de emenda são as únicas dentre estas ocorrências que não podem ser ocultadas numa geração seguinte após uma simples duplicação. Sendo assim, esta característica configura-se numa evidência de manipulação de Limite que permanecerá nos futuros materiais do filme, desde que não sejam manipulados digitalmente. |
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Bibliografia | CHERCHI-USAI, Paolo. Silent cinema: An introduction. London: British Film Institute, 1999.
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