ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | Esta é 'nossa terra': Atanarjuat: the fast runner (2000) |
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Autor | Neide Garcia Pinheiro |
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Resumo Expandido | Igloolik Isuma, companhia cinematográfica localizada no Ártico Canadense, criada em 1990, tem produzido dezenas de filmes, principalmente documentários, sobre os povos Inuit, conhecidos também por Esquimós. Este trabalho tem como enfoque a representação da paisagem no filme da Isuma, Atanarjuat : the Fast Runner. O filme apresenta uma paisagem humana, desafiando estereótipos sobre o Ártico e seus povos, que frequentemente têm sido representados como primitivos no cinema dominante.
Conforme afirma o poeta, “é tempo de começarmos a cultivar verdadeiros historiadores Inuit que possuam o talento e o 'toque de Midas'“ (Journals of Knud Rasmussen: a sense of memory and high-definition in Inuit storytelling 83, tradução minha). Ippelie afirma ainda que a prática fílmica da Isuma Film Productions representa esse toque de Midas, tornando-se um espaço importante para que os Inuit resignifiquem suas culturas tanto para eles próprios como para a audiência não-Inuit. Atanarjuat: the fast runner figura como um importante filme nesse processo de ressignifição e, de acordo como o cofundador da Isuma, Norman Cohn, trata-se de uma produção que tem influenciado o amplo contexto de produção de filmes no Canadá (The journals of Knud Rasmussen: A sense of high definition and memory in Inuit filmmaking, p. 267 ). Um dos aspectos notáveis do filme, e que este trabalho visa analisar, é a manipulação cuidadosa de diversos elementos fílmicos, tais como, a cinematografia, a composição dos cenários e a própria edição, que ampliam nossa percepção de paisagens árticas magníficas e diversas. A variedade de cores e tons, tanto no inverno quanto no verão Ártico, sugerem a preocupação dos artistas Inuit em construir imagens sugestivas de que a região é plena de vida e que esta se expressa de diversas formas, até mesmo nas mínimas nuances do gelo e da neve. Por meio dessa poderosa representação paisagística o filme da Isuma parece corroborar Thomas D. Andrews e Susan Buggey que afirmam que as paisagens aborígines não são apenas sítios ou relíquias arqueológicas. São paisagens vivas que os povos indígenas identificam como fundamentalmente importantes para sua herança cultural, áreas que incorporam sua relação com a terra (65). Desse modo, um ponto importante que o filme traz a luz é, conforme afirmamos anteriormente, a ‘paisagem humana’. De fato, Atanarjuat: the fast runner é sobre tornar-se humano e todas as implicações dessa humanidade. |
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Bibliografia | BALIKCI, Asen. Anthropology, film and the arctic peoples. Anthropology Today. 5:2, (April 1989): 4-10.
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