ISBN: 978-85-63552-11-2
Título | O Noir nas séries Fora de Controle e Epitafios |
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Autor | Luiza Cristina Lusvarghi |
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Resumo Expandido | O objetivo desta comunicação é analisar a relação entre a série argentina Epitafios (2004-2010, HBO), e a recém-lançada Fora de Controle (2012, Record) e o estilo noir, ou negro, estabelecendo uma relação entre as duas séries policiais latino-americanas. O gênero policial vai ser abordado a partir de Jason Mittell (2004), que entende o gênero como uma categoria social, analisando o surgimento do gênero na TV dos Estados Unidos, por entender que o modelo americano de cinema e de televisão é a maior referências dessas produções tanto para a audiência quanto para os produtores. Para a análise de recepção e dos modos de endereçamento, serão utilizados os conceitos de Jesus Martín-Barbero. Uma das denominações mais comuns para esta nova produção latina, tanto no cinema quanto na televisão, é o termo neopolicial ou negro, numa alusão ao conceito de noir, utilizado pela primeira vez por Nino Frank (1946), e discutido aqui sob as perspectivas de James Naremore (2008) e Frank Krutnik (2010).
Para Naremore, o noir encontra terreno fértil na América Latina. Tudo indica que é mais fácil pensar em um noir ou neo-noir distante de um cenário nova-iorquino. “… Latin America has a strong tradition of film noir: consider, as only two examples of many that could be listed, Julio Brachos´s Distinto Amanecer (Mexico, 1943) and Jorge Ileli`s Mulheres e Milhões (Brazil, 1961), the last of which has many things in common with The Alphalt Jungle and Rififi. Such pictures usually represent the Latin world as a dark metropolis rather than a baroque, vaguely pastoral refuge from modernity, and as a result, they indirectly reveal a mythology at work in Hollywood. Two of the more effective recent examples include “Foreign Land (1995), a Brazilian-Portugueses coproduction directed by Walter Salles and Daniela Thomas, and Deep Crimson (1997), a Mexican remake of The Honeymoon Killers (1970), directed by Arturo Ripstein. (NAREMORE, James, pg 232-233, 2008). Epitafios e Fora de Controle são seriados televisivos que inovam com relação aos tradicionais melodramas característicos do formato telenovela, o mais popular da América Latina. Assim como ocorreu com os cop shows americanos na década de 50, que desafiavam o padrão água com açúcar das sitcoms, mostrando o outro lado da América, os seriados policiais e de ação latino-americanos vão ser os responsáveis por introduzir na televisão os conflitos da pós-modernidade, com personagens mais realistas, um cenário distante dos folhetins eletrônicos e da fórmula fácil da ascensão social através do casamento, com finais felizes. A ideia é estabelecer uma discussão sobre as relações entre os dois projetos, classificados como gênero policial ou de ação, e o noir, um conceito escorregadio (Krutnik, 1991), mencionado como gênero, subgênero (do policial), estilo, tendência ou movimento. O primeiro é um seriado argentino, produzido pela Pol-ka, empresa de audiovisual ligada ao grupo Clarín. Já o segundo é o primeiro seriado da emissora Record em parceria com uma produtora independente, a Gullane Filmes. Esta comunicação integra a minha pesquisa atual “A ficção neopolicial e suas relações de gênero no audiovisual - Brasil e América Latina”. A classificação de crítica social, comum a produções latino-americanas que abordem conflitos entre a lei e a ordem no continente, aos poucos vai sendo substituída nos cadernos especializados e nos blogs pelos termos policial ou de ação. Parte desta crítica vê nestas produções uma tendência à “americanização”, expressão citada algumas vezes de forma pejorativa (CASTRO, 2011), numa alusão à relação entre essas obras e à literatura do gênero, considerada como corpo estranho à literatura nacional, mas também aos formatos consagrados pelo cinema e televisão mundiais, sobretudo a partir dos modelos hollywoodianos. |
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Bibliografia | CASTILLO, Jimena Inés. Representación delictiva y series televisivas. Congresso ALAIC 2006, Ficcion Seriada y Telenovela. ECA-USP, São Paulo.
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