ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Corpo, blogosfera e consumo tecnológico no filme Nome Próprio |
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Autor | Wilton Garcia Sobrinho |
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Resumo Expandido | A tríade corpo, blogosfera e consumo tecnológico efetiva a presença da mulher no cinema atual. A independência feminina, hoje, estabelece um “novo/outro” posicionamento que diferencia o modo de pensar gênero e sua múltipla condição adaptativa, para além do sexual.
De fato, o filme mostra a cumplicidade entre as mulheres, com suas artimanhas para sobreviver aos desafios de uma sociedade machista. A lógica discursiva do enredo fílmico tenta (re)inscrever um "modus operandi" para se refletir sobre a sensibilidade da imagem e do afeto, próprio de uma composição intuitiva. Na verdade, diante do consumo tecnológico, a blogosfera torna-se um instigante aparato da cultura digital para (re)elaborar aspectos econômicos, identitários, socioculturais e políticos. E a película abre espaço para o debate sobre a performatividade desse consumo tecnológico na blogosfera, especialmente quando se pensa o atual contexto cinematográfico no país. Nessa narrativa cinematográfica, observa-se o ato de consumir diante do inseparável binômio mercado-mídia, na discussão de tensões sociais, fenômenos, valores e manifestações culturais. Destaca-se, assim, o impacto do consumo tecnológico em paradoxo com as desigualdades sociais no Brasil (BAUMAN, 2013). Eminentemente, parto deste pressuposto para investigar o filme brasileiro Nome Próprio, (Murilo Salles, 2007). A sinopse indica: "A história de Camila, uma jovem mulher empenhada em se tornar escritora. Sua vida é sua narrativa. Camila é intensa, corajosa e quer a sua literatura como um ato de revelação. É um filme sobre a paixão de Camila e seu esforço para bancá-la. Sobre uma personagem feminina que encara abismos e retira disso a força que necessita para existir". O filme aborda uma livre adaptação da narrativa literária do livro "Máquina de Pinball" (2002), de Clarah Averbuck. Trata-se de um discurso emblemático, que se constitui a partir dos textos publicados no blog brazileira!preta(GONÇALVES,, 2011). Verifica-se, nesse conjunto, o esforço da tradução que equaciona a relação escrita e imagem e enlaçam a passagem da literatura ao filme (STAM, 2003). A película explora a auto-exposição pública de blogueiros na internet e, uma possível consequência que convoca uma reflexão sobre a contemporaneidade, inclusive no Brasil. O sentir da protagonista se embriaga pelas suas decisões tanto virtuais quanto reais – e vice-versa. Mais que um mero diário, a blogosfera passa a ser uma cena relevante de discussão e decisão sobre a vida. Eis um enredo cinematográfico em que o computador, também, vira personagem. Como provocação, surgem na película questionamentos, inquietações que circundam a representação das coisas no mundo. São mensagens que podem ser vistas/lidas pelo espectador, que simultaneamente incorpora o usuário-interator. Por exemplo: "Ninguém vive a paixão impunimente!" Nesse contexto, Camila perpassa desafios instigantes, cujo vertiginoso paralelo entre ficção e realidade (re)inscreve experiências cotidianas junto ao universo digital. O sentir da protagonista se embriaga pelas suas decisões tanto virtuais quanto reais – e vice-versa. O que pode ser uma influência para alguns se transforma em ferramenta para o envolvimento impactante das personagens no filme. A história da protagonista ressalta ações cotidianas da película no universo digital, ao apontar um desfecho a partir de seu blog como referente digital. Aqui, experiência e subjetividade elencam-se como categorias discursivas. E a abordagem teórico-metodológica inscreve, estrategicamente, os estudos contemporâneos do cinema na produção de conhecimento e intersubjetividade. Dos estudos culturais às tecnologias emergentes, os estudos contemporâneos tratam de refletir a respeito de atualização e inovação. A narrativa fragmentada (não-linear), nesse filme, organiza um território de possibilidades complementares, em que a escritura (inter/trans)textual se faz pelas arestas dessa intersubjetividade |
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Bibliografia | AVERBUCK, Clarah. Máquina de Pinball. São Paulo: Conrad, 2002.
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