ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Narrativas Transmidiáticas e Serialização na dramaturgia audiovisual |
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Autor | Iara Sydenstricker |
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Resumo Expandido | A tecnologia digital dos meios de comunicação de massa vem impulsionando uma grande flexibilização da produção audiovisual, na mesma medida do incremento de plataformas de exibição e da demanda por novas programações. A teledramaturgia já não mais se restringe à televisão, nem mesmo ao cinema, mas invade muitos outros veículos de difusão de imagens e sons em telas eletrônicas dispostas em ônibus, aviões, outdoors, celulares, dentre tantos outros ambientes ou suportes. Na paisagem digital, imprimem-se novos contornos ao campo da criação audiovisual, de onde emergem públicos desejosos de consumir obras em fluxo. Um mesmo universo ficcional gera programas distintos, baseados em técnicas e gêneros diferenciados, como imagem real, animação ou mistas e; documentais, ficcionais ou híbridos. Assim, derivados de um mesmo “organismo” ou sistema criativo, tais programas acabam por engendrar seu próprio world building na medida em que se expandem com relativa independência em relação à matriz. Trata-se de um processo rizomático de crescimento de universos que continuamente geram uma série de programas construídos para outras mídias, formatos e faixas de público, os quais, por sua vez, criam espécies de subsistemas mais ou menos autônomos, ampliando, assim, sua tessitura dramatúrgica. Não se tratam, porém, de adaptações como meras extensões da narrativa nuclear originária para outros suportes, mas sim de processos de ampliação e aprofundamento de mundos narrativos que coexistem e se retroalimentam, uma “espécie de big bang narrativo de onde vão se gerando novos textos até chegar aos conteúdos produzidos pelos usuários. Dessa perspectiva, o transmedia storytelling acaba por gerar uma galáxia textual” (SCOLARI, 2010). A serialização de programas audiovisuais e, ao mesmo tempo, seu grau de independência em relação ao universo que os originou torna-se mais e mais fundamental para que as narrativas transmidiáticas possam se complexificar e se enriquecer continuamente. Como diz Jenkins (2008), elas caminham para “a arte da construção de universos à medida em que os artistas criam ambientes atraentes que não podem ser completamente explorados ou esgotados em uma única obra, ou mesmo em uma única mídia”. Por outro lado, tal processo induz a uma crescente demanda pela constituição de equipes de roteiristas/dramaturgos que possam atuar com liberdade criativa em relação aos “produtos-mãe” que os originaram. Cada vez mais, o trabalho em equipe torna-se fundamental para quem pretende criar e manter vivos programas transmidiáticos em múltiplas plataformas. Como diz Weisman (2009/08), somos por natureza contadores e apreciadores de histórias, criadores de universos que abrigam pessoas à nossa semelhança, ainda que sejam muito diferentes em suas culturas, origens e perspectivas existenciais. Mantê-las vivas e pulsantes como organismos independentes e ao mesmo tempo conectados a um mesmo universo é um desafio a ser enfrentado por criadores. De forma a ilustrar as idéias acima defendidas, o trabalho será acompanhado de alguns exemplos de criação de programas audiovisuais matrizes e de narrativas deles derivados, incluindo experiências da própria autora. |
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Bibliografia | SCOLARI, Carlos Alberto. “A construção de mundos possíveis se tornou um processo coletivo”, Revista Matrizes, Ano 4, No 2, jan./jun. 2010, pp. 53-67.
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