ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A construção da imagem cinematográfica no cinema de Manoel de Oliveira |
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Autor | Mariana Veiga Copertino Ferreira da Silva |
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Resumo Expandido | A produção cinematográfica de Manoel de Oliveira tem a marca da resistência ao cinema comercial que se vende para a indústria cultural. Oliveira se destaca pela estética inovadora e interessante que propõe em seus filmes, buscando estabelecer um diálogo com outras formas de arte, dentre elas - e com grande destaque – a Literatura. Essa relação entre literatura e cinema é característica fundamental na estética de Manoel de Oliveira, que adapta para as telas do cinema grandes obras de escritores do mundo todo. Seus filmes são releituras que valorizam e mantêm-se fidedignos ao texto literário, exaltando a palavra enquanto elemento de ação e valorizando a construção da imagem cinematográfica.
A imersão de Oliveira na literatura compreende uma transformação na concepção das imagens cinematográficas, que vão se construindo a partir de uma lógica pictórica, através da valorização dos planos fixos. A passagem do texto literário para a imagem consiste em desenvolver na tela do cinema aquilo que a literatura não é capaz de proporcionar: a simultaneidade visual. O cinema é visto por Manoel de Oliveira como a “síntese de todas as artes”, sendo capaz de reunir em um mesmo objeto fílmico características essenciais da literatura, da música, da pintura, da fotografia e do teatro, levando o espectador a estabelecer simultaneamente uma relação estreita com cada uma dessas manifestações artísticas. Sendo assim, Oliveira entende o cinema como a arte, dentre todas, mais capaz de simular a vida e recriar a História. Evidentemente, cada referência é desenvolvida no filme com um propósito específico e de uma maneira sempre cuidadosa. Esse diálogo interartes é de suma importância para o estudo da obra oliveiriana no que diz respeito à construção imagética. Oliveira desenvolve uma proposta estética de contemplação e, por isso, a plasticidade das imagens em sua obra é muito particular: os filmes nos levam a parar e observar a realidade ao nosso redor. Esse ato de contemplar a vida e a arte se dá pelo uso excessivo do artifício da estaticidade em cena, já que Oliveira preza os planos fixos, valorizando a imagem e não da ação Existe, na obra oliveiriana, uma exaltação da palavra, dos diálogos que, em uma leitura superficial, determina a ação dos filmes. Em muitas ocasiões, a palavra é exaltada nas cenas através da narração, enquanto a câmera focada em um plano fixo determina a valorização da imagem única, que serve, realmente, como plano de fundo para a palavra. Esse trabalho se propõe a analisar o precesso de construção da imagem na obra de Manoel de Oliveira através dos diálogos entre o cinema e outras artes, buscando identificar a forma como essas relações vão ao encontro da linguagem cinematográfica a fim de criar uma proposta estética de contemplação. Para tanto se observará alguns filmes de Manoel de Oliveira produzidos ao longo do século XX, dentre ele: O pintor e a cidade (1956), As pinturas do meu irmão Júlio (1964), Amor de Perdição(1978), Mon cas (1986) e O gebo e a sombra (2012). |
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Bibliografia | ADORNO, Teodor W. Indústria cultural e sociedade. Seleção de textos de Jorge Mattos Brito de Almeida e tradução de Juba Elisabeth Levy et al. 4 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
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