ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Ecos da Musicologia nos Estudos da Música no Cinema |
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Autor | Suzana Reck Miranda |
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Resumo Expandido | Referência nos Estudos da Música Popular, o musicólogo britânico Philip Tagg desenvolveu um modelo analítico que, além dos elementos estruturais, leva em consideração o que ele chama de contexto paramusical, no qual as significações musicais são necessariamente compreendidas para além de seus elementos intrínsecos. A música de abertura da série de TV Kojak (EUA, 1973-1978) foi um dos seus primeiros objetos de análise (TAGG: 1979), fato que já denota o interesse de Tagg pela sinergia da música com os meios audiovisuais. Tal interesse foi posteriormente aprofundado e culminou na publicação do livro Ten Little Title Tunes (2003), em parceria com Bob Clarida.
Em linhas gerais, o modelo (semioticamente orientado) de Tagg consiste em identificar, na obra musical, musemas (conceito originalmente elaborado por Charles Seeger, em 1960, que diz respeito a unidades mínimas de significação) e, logo após, observar as associações “paramusicais” possíveis que estes musemas, em uma prática cultural específica, podem suscitar. O autor esclarece que os musemas (e suas associações) são semelhantes a outros de outras músicas e que esta característica permite ao analista encontrar um possível significado (para o evento sonoro) a partir de uma “correspondência hermenêutica” (entre eventos distintos). Com o objetivo de aprimorar tal modelo, Tagg e Clarida empreenderam uma longa pesquisa empírica entre 1979 e 1985. Trechos musicais extraídos de exemplos fílmicos e televisivos foram reproduzidos - sem as imagens - a centenas de pessoas que, num curto espaço de tempo, tiveram que descrever configurações visuais que julgavam equivalentes. Os resultados foram rigorosamente analisados e, embora tenham sido contestados, não deixaram de ser evocados por autores importantes como, por exemplo, Kathryn Kalinak (1992) e Anahid Kassabian (2001). Já Nicholas Cook investigou a relação da música com diferentes “meios”, no seu livro Analysing Musical Multimedia (1998). O autor analisou trechos de filmes, comerciais de TV, óperas, videoclipes (entre outros formatos por ele compreendidos como “multimídia musical”) e, amparado na Teoria Contemporânea da Metáfora, elaborou um modelo de análise que se baseia em processos dinâmicos de transferência de atributos. Seu objetivo é tentar explicar como operam as interações das percepções visuais e auditivas. Como o de Tagg, o modelo de Cook também tem sido considerado, não sem reservas, por vários estudiosos e teóricos da Música no Cinema. Entre outras coisas, seu método engloba duas fases de aplicação que compreendem, respectivamente, testes de “similaridade” e de “diferença”. Tais testes resultariam no que Cook denomina de “os três modelos básicos” da multimídia. São eles: relações de conformidade (conformant), de complementação (complementary) e de divergência (contest). Cabe a esta comunicação não apenas explicitar os dois modelos propostos pelos musicólogos britânicos, mas também contextualizá-los de acordo com seus ecos na referida área de estudos. Tal recorte é a parte conclusiva da nossa pesquisa “Cinema e Música: expansão do campo teórico”, financiada pelo CNPq (Edital Nº 14/2010 – Universal). |
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Bibliografia | COHEN, Annabel J. “Musicology Alone?” (A review of Nicholas Cook´s Analysing Musical Multimedia) In: Music Perception, no17 (winter), 1999, pp. 247-260.
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