ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | O documentário pernambucano no século XX |
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Autor | Alexandre Figueirôa Ferreira |
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Resumo Expandido | Desde o Ciclo do Recife, nos anos 1920, Pernambuco vem se destacado como um dos importantes centros de estímulo à produção de documentários, sobretudo, de curtas metragens, em película (bitolas super 8, 16mm e 35mm) ou, mais recentemente, em vídeo (eletrônico ou digital). Se num primeiro momento esses filmes documentavam o crescimento urbano do Recife mostrando as obras públicas realizadas pelo governo estadual, a partir do final dos anos 1950, e mais fortemente na década de 1960, eles voltaram suas lentes para a realidade sociocultural do Nordeste. O então Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (hoje, Fundação Joaquim Nabuco/FUNDAJ) teve papel fundamental nesse processo ao financiar a produção de uma série de documentários. Alguns deles inauguraram uma nova fase na cinematografia brasileira e influenciaram esteticamente os realizadores do período.
Na década de 1970, esse interesse pelo documentário cresceu ainda mais com a realização de mostras e seminários no Simpósio do Filme Documental Brasileiro, promovido pelo Instituto Joaquim Nabuco. Graças ao apoio financeiro do instituto, a produção pernambucana aumentou significativamente com os filmes etnográficos produzidos em super 8 ou 16mm por Mário Souto Maior, Fernando Spencer e Flávio Rodrigues, entre outros, e os de caráter socioeducativo de Fernando Monteiro. A partir dos anos 1990, com a retomada da produção cinematográfica brasileira, o documentário pernambucano – tanto em película como em vídeo – se destacou em diversos festivais nacionais e internacionais, com filmes como Maracatu, Maracatus (1995); Recife de Dentro para Fora (1997), de Kátia Mesel; e O Rap do Pequeno Príncipe (1999) entre outros. Esta tradição da produção documental em Pernambuco reflete-se na atual produção, marcada por uma diversidade de temas, abordagens e experimentação estética revelando muitas das inquietações da nossa realidade contemporânea. Embora rica e bastante significativa, ainda não existe um estudo sistemático da produção de documentários cinematográficos em Pernambuco durante o século passado. Alguns textos acadêmicos refletem apenas a respeito de uma ou outra realização, mas não analisa o conjunto desta produção e seu papel cultural. O inventário, a catalogação e a análise desses filmes é uma importante contribuição para a memória audiovisual pernambucana, proporcionando às atuais e futuras gerações o acesso a um acervo considerável de imagens sobre diferentes aspectos da nossa realidade. O cinema documentário, como observa Francisco Elinaldo Teixeira: “... por sua imponência no presente também reverbera com força no âmbito da reflexão, pressionando teóricos, pesquisadores e críticos a uma revisão dos procedimentos e concepções que por longo tempo o tomaram e o situaram como uma espécie de primo pobre do verdadeiro cinema – o ficcional”. (TEIXEIRA, 2004:8) Este trabalho, ainda em seus primeiros passos, busca, portanto, construir um modo de encaminhamento para ordenar a produção documental pernambucana cotejando-a tanto com o pensamento do documentário clássico quanto dos movimentos de ruptura como o cinema verdade e seus desdobramentos contemporâneos. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean-Claude. Cineastas e Imagens do Povo (2ª edição). Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2003.
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