ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Os fãs do Conselho Jedi Bahia e o princípio da atividade |
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Autor | Regina Lucia Gomes Souza e Silva |
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Resumo Expandido | Jean-Pierre Esquenazi (2005) defende novos e necessários postulados para pensar o problema do público na esfera do audiovisual e aponta para três novos princípios, a saber, o princípio de multiplicidade (a existência de vários “públicos”), o princípio de continuidade (a aliança ou o pacto entre a obra e o público) e o princípio de atividade (espectadores produzem atos de atribuição de intenção). Os dois últimos princípios estão diretamente atrelados ao que chamamos de comunidade de fãs. A ligação entre os fãs e seus objetos de culto evoca uma forte proximidade afetiva, na forma de um acordo que permite que fãs tornem-se agentes mobilizadores e engajados num empreendimento comum.
Segundo Henry Jenkins (2009) o fã moderno (aquele que vive a convergência midiática) não é um espectador comum, mas aquele que transforma sua apreciação em algum tipo de atividade cultural e mobiliza-se para promover interesses comuns. Otimista, Jenkins crê que as estruturas dessas comunidades podem ser vistas como um índice de uma nova maneira de pensar sobre a cidadania e a colaboração, uma nova forma de produção cultural, a cultura participativa. Tanto Esquenazi quanto Jenkins partem do pressuposto de que “ser um fã aumenta a actividade espectatorial” (ESQUENAZI, 2005, p. 106) e aqui pretendemos pensar sobre o modo como essa atividade se molda junto a uma comunidade específica de fãs: Conselho Jedi Bahia. Trata-se de fãs baianos da saga Stars Wars que realizam várias ações para interagir com os membros e promover os filmes no estado. Fundado em agosto de 2002 e após um hiato inativo de alguns anos, foi reativado em 2010 quando a comunidade chegou a trinta membros ativos cujo perfil vai de designers, professores, estudantes universitários e arquitetos. Segundo o presidente do Conselho, João Marcelo Cunha a idade média da comunidade é de 29 anos rompendo, assim, uma expectativa de formação de uma população mais jovem. O Conselho de Jedi Bahia foi a primeira comunidade organizada de fãs do nordeste, o grupo dispõe de site (http://www.conselhojedibahia.com.br/cjba/), participa de redes sociais e é parceiro de empresas de distribuição de filmes e produtos sobre a hexalogia de George Lucas. Além de ações promocionais sobre o “filme que influencia gerações até os dias de hoje”, o Conselho Jedi Bahia estimula o “lado social do fã-clube arrecadando alimentos não-perecíveis para instituições de caridade”. Filantropia, ações em bancos de sangue, visita à hospitais de crianças com câncer são alguns dos traços mobilizatórios da comunidade e que ao mesmo tempo emprestam prestígio social ao grupo. Com estrutura e divisão de tarefas bem delimitadas, os fãs do Conselho Jedi Bahia seguem regras e rotinas, apresentam-se em concertos da orquestra sinfônica da Bahia caracterizados com figurinos de personagens de Stars Wars e participam de grandes convenções nacionais (as JediCon que reúnem em média 1000 participantes anualmente). Enfim, nossa proposta de comunicação objetiva iluminar as relações constituídas em comunidades de fãs, particularmente no estudo de caso sobre o Conselho Jedi Bahia, visto como um objeto de estudo privilegiado de compartilhamento de experiências de ativismo e mobilização. O princípio de atividade evocado por Esquenazi e Jenkins será aqui apropriado para refletir sobre até que ponto as ações de grupos com interesses comuns constituem-se como atos mobilizadores. |
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Bibliografia | CONSELHO JEDI BAHIA. Disponível em: http://www.conselhojedibahia.com.br/cjba/. Acesso em: out 2012.
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