ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A IMAGEM DO FEMININO EM FRIDA KAHLO |
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Autor | Aurélia Regina de Souza Honorato |
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Coautor | EDLA MARIA SILVEIRA LUZ |
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Resumo Expandido | Onde as imagens nascem? Existe um lugar? Para Coccia (2010) esse lugar, o lugar do sensível “não coincide nem com o espaço dos objetos - o mundo físico – nem com o espaço dos sujeitos cognoscentes”. (p.30) É o meio. É a recepção mesma. “A potência do meio é a recepção, e toda teoria da medialidade é uma teoria da recepção” (p.31). Estudos sobre a imagem vêm sendo recorrentes em diversas pesquisas voltadas para as questões dos estudos sobre a cultura, e o mundo contemporâneo tem apresentado formas diversas de relação do humano com as imagens. Este texto apresenta um olhar para o filme Frida (2002) dirigido por Julie Taymor, que é baseado na biografia da artista mexicana Frida Kahlo, escrita por Hayden Herrera e considerada fidedigna a vida da artista. Um estudo que busca escapar das abordagens de arte que veem a produção de subjetividade como um esquema de comunicação – emissor/mensagem/receptor e, que, assim como Deleuze (1999), acredita na arte como ato de resistência e como espaço de absoluta necessidade de dizer do artista. Percebe-se que o roteiro destaca diferentes momentos de perda e superação de Frida em relação aos problemas de saúde que enfrentou durante a sua vida. O filme também aborda com ênfase o relacionamento de Frida Kahlo com Diego Rivera, artista muralista, militante do partido comunista, preocupado com as questões sociais de seu país, o México. E é através das “dores do corpo” que lhe tocam a alma, que Frida faz de sua história de dor uma transformação pela arte. Frida e seu autorretrato na busca de produzir-se, retratar-se afirmando sua posição no mundo. Em um momento do drama vivido por Frida através do filme, exploramos a cena em que Diego e a irmã de Frida, Cristina, fazem sexo e são surpreendidos por Frida e seus sobrinhos, uma cena que nos revela as expressões de ciúmes da artista diante da infidelidade. Nesse momento Frida rompe seu relacionamento com Rivera e também com sua irmã e tenta levar a vida adiante, como mulher independente e que vive de sua arte. Depois desse incidente a conotação de forte carga emocional vivida por Frida diante da traição de Rivera com sua própria irmã, nos apresenta cenas impactantes onde Frida corta agressivamente os cabelos e bebe na garrafa “a sua dor, a sua amargura”. O filme apresenta neste momento um misto de película e tela, a tela intitulada Autorretrato com o cabelo cortado (1940), uma mistura de imagens que acabam por deixar o espectador atônito com o que ele vê e com aquilo que o olha. “O que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha. Inelutável, porém é a cisão que separa dentro de nós o que vemos daquilo que nos olha” (Didi-Huberman 1998, p.29). Didi-Huberman acompanha Coccia na perspectiva da medialidade. Só conseguimos ver quando assumimos a inelutável cisão do ver. É quando se deixa de tentar ler um quadro e passa-se a vê-lo. O desafio da artista ao fazer seus autorretratos apresenta esta cisão. Mesmo que busque representar exatamente o que vê, isto que vê a olha e torna-se outra visão. Objetivamos neste trabalho, a partir da análise da imagem fílmica e da relação que esta tem com a produção pictórica da artista, encontrar traços da feminilidade de Frida ameaçada por sua angústia na existência da sua dor olhando para as fronteiras entre o que Frida viveu o que ela retratou em sua produção e o que sua biografia conta. A produção artística de Frida Kahlo, assim como seu modo de viver e se vestir provocam inquietações e com elas, diferentes opiniões, críticas e comentários vão aparecendo. Inquietações que levam homens e mulheres a questionarem o papel da sexualidade feminina na vida artista. O texto privilegia os entrelaçamentos com as teorias de Emanuele Coccia, Georges Didi-Huberman, Michel Foucault, Gilles Deleuze & Felix Guattari no ponto onde criticam a subjetividade clássica/moderna. |
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Bibliografia | COCCIA, Emanuele. A Vida Sensível. Tradução Diego Cervelin. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2010.
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