ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A voz sem dono e os novos cacoetes do documentário brasileiro |
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Autor | Sérgio Puccini Soares |
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Resumo Expandido | Rico em sua diversidade, uma parcela significativa do documentário contemporâneo brasileiro tem demonstrado um modo bastante peculiar no que diz respeito ao tratamento dado à voz do outro. Trata-se de filmes fortemente marcados por preocupações de ordem estética, em que se percebe o esvaziamento, ou mesmo a recusa, de uma construção dramática de personagem em troca da apropriação do outro como modelo para uma composição plástica. Os rigores de um projeto estético orienta um tratamento da voz menos como um elemento enunciador de discursos e mais como mais uma fonte emissora de sons. Troca-se a linguagem pela sonoridade. Uma das consequências de tal escolha vem a ser um certa valorização do som não sincrônico, em que muitas vezes as vozes aparecem destituídas de um corpo e, porque não dizer, de um dono. A voz entra como um ruído qualquer na composição de ambiências. Uma das estratégias que auxiliam nessa forma de captação da voz vem a ser uma posição de recuo, assumida pelo documentarista, que vem como uma recusa a uma interlocução. O procedimento de entrevista passa a ser problematizado. Tendo como foco de análise o filme A alma do osso (2004), de Cao Guimarães, a comunicação pretende comentar sobre alguns desses procedimentos recorrentes, no que diz respeito ao tratamento dado à voz do outro. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Sound theory, sound pratice. New York: Routledge, 1992.
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