ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | O anacronismo de Villa-Lobos nos filmes brasileiros |
|
Autor | Maria Regina Paula Mota |
|
Resumo Expandido | As músicas do ciclo Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos estão presentes em vários filmes da década de 1960, caracterizando uma descoberta da sonoridade kinética da musica de Villa-Lobos. Os filmes de Glauber Rocha, sobretudo, experimentam a complexidade musical que modula a montagem, organizada em torno dos acordes, silêncios e ataques das composições de Villa. As composições do ciclo são também introjetadas pelas referências explícitas ao imaginário barroco representado pela obra do compositor Johan Sebastian Bach, recombinadas com imagens do folclore e das sonoridades das tradições ibéricas, indígenas e africanas.
A Idade da terra (1980), Terra em Transe (1967), Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964),de Glauber Rocha, Os Herdeiros (1969), de Cacá Diegues, Raízes do Brasil (2004), de Nelson Pereira dos Santos, Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, Menino do Engenho (1965, de Walter Lima Jr., O desafio (1965), de Paulo Cesar Saraceni, A grande cidade (1965), de Caca Diegues, Lucia McCartney, uma garota de programa (1971), de David Neves, A vida provisória (1968), de Mauricio Gomes Leite, entre outros se utilizam da presença musical de Villa-Lobos como a apontar um signo comum entre os filmes, que fazem parte do movimento do Cinema Novo. O Descobrimento do Brasil (1936) e O canto da saudade (1952), ambos dirigidos por Humberto Mauro, antecipam a presença de Villa-Lobos no cinema brasileiro. O primeiro foi o único filme cuja trilha sonora foi feita pelo compositor, que junto com Humberto Mauro tenta interpretar cinematograficamente o quadro “Primeira Missa” de Victor Meirelles (1861), que retrata o improvável encontro entre colonizadores e nativos brasileiros. O anacronismo como uma visão atemporal demarca a perspectiva dessa análise. A partir do ensaio A expressão Americana, de José Lezama Lima (1988) e a noção de barroco da contra-conquista, podemos alumiar o movimento da arte cinematográfica, que pela sonoridade aciona o passado, atualiza o presente e assim inventa o futuro. A operação anacrônica se dá entre as dobras das eras imaginárias em que sertão, cangaço, luta, cidade, poder, igreja, política ou revolução ganham sentido pelo método do contraponto das imagens e sonoridades que se colocam fora do tempo. O Ciclo das Bachianas Brasileiras será analisado para guiar o entendimento estético do barroco como expressão da "dificuldade" e resistência na arte Latino Americana. |
|
Bibliografia | CAMPOS, Haroldo. O segundo arco-iris branco. São Paulo, Iluminuras, 2010.
|