ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A problematização da minissérie brasileira a partir de “A Muralha” |
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Autor | Cid José Machado dos Santos Junior |
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Resumo Expandido | Dentre os diversos produtos da ficção seriada televisiva brasileira, o formato minissérie demonstra a flexibilidade e a relevância do mesmo na composição da grade do horário nobre. Mas, ao considerarmos este objeto heterogêneo, seria possível distinguir “A Muralha” como um ponto de inflexão em termos das concepções de minissérie produzidas no Brasil na transição dos séculos XX para o XXI?
Seja pelo trabalho de pesquisa mais profundo no desenvolvimento do roteiro, a realização de laboratórios e oficinas na preparação do elenco, o cuidado da direção de arte na caracterização de períodos, o orçamento maior por episódio e o número superior de cenas externas, as minisséries demonstram os esforços de algumas emissoras na luta pela audiência de um segmento de público mais exigente e de maior poder aquisitivo, acostumado a um alto padrão de produção oferecido pela programação da TV paga. Apesar destas características especiais, observa-se que a progressão narrativa dos capítulos da minissérie brasileira nos remete à identificação deste tipo de obra com a herança da telenovela, formato referencial das narrativas televisivas no país. Para a pesquisadora Renata Pallottini (1998) a minissérie brasileira se assemelha a uma telenovela de menor duração e a autora pontua que a maior diferença entre ambas se dá pelo fato de a minissérie ser considerada uma obra fechada, ou seja, ter a maior parte de sua trama escrita antes da captação das imagens e sons, não permitindo modificações em sua estrutura narrativa no decorrer do desenvolvimento da obra, como as telenovelas do modelo brasileiro costumam fazer. No caso de “A Muralha” - minissérie escrita por Maria Adelaide do Amaral a partir da obra homônima de Dinah Silveira de Queiroz, dirigida por Denise Saraceni e objeto deste trabalho - a própria concepção do produtor Daniel Filho (2003) corrobora o argumento de Pallotini quando afirma que a minissérie é um aprimoramento da telenovela, uma releitura com a mesma estrutura dramática, mas com melhor acabamento e um ritmo diferenciado das filmagens e das cenas. No princípio deste século, pôde-se observar que a concepção de minissérie no Brasil se diferiu da de outros países principalmente no quesito duração: o formato internacional compreende entre três e doze capítulos aproximadamente; já as produções nacionais, em especial as da TV Globo, possuem em torno de vinte capítulos. Escolhida para representar o início da programação comemorativa da TV aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, a minissérie “A Muralha” marcou uma tendência de produções deste formato acima dos quarenta capítulos, a ponto da emissora buscar outra terminologia para definir esses produtos intermediários como macrosséries, segundo a definição do então diretor da Central Globo de Criação, Daniel Filho (2003). Na década de 2000 a Rede Globo produziu dezoito minisséries e dentre estas sete tiveram mais de quarenta capítulos. Das sete obras cinco foram escritas por Maria Adelaide Amaral, ou seja, a autora promoveu a consolidação de um formato de minissérie até então pouco experimentado. Assim, pretende-se investigar a possível especificidade da minissérie brasileira em relação ao seu processo de criação, modo de produção e características do formato, tendo por referencial a obra “A Muralha”, cuja estrutura narrativa remonta à tradição da telenovela brasileira e cuja duração aponta para a definição de um novo formato denominado “macrossérie”. |
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Bibliografia | A MURALHA. Direção: Denise Saraceni e Carlos Araújo. Direção de Produção: Eduardo Figueira. Rio de Janeiro: Som Livre, 2002. 4 Volumes (780min.), son., col., DVD.
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