ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Diretrizes para o cinema: a Cia. Vera Cruz e a revista Fundamentos |
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Autor | Igor David dos Santos |
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Resumo Expandido | O objeto da presente pesquisa que se encontra em desenvolvimento é a análise histórica da tensão entre propostas culturais voltadas ao cinema brasileiro que surgem a partir da criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949), financiada pela burguesia paulista, em contraste com as críticas levantadas pela Fundamentos: Revista de Cultura Moderna, ligada às políticas culturais do PCB (Partido Comunista Brasileiro). Pretendemos abordá-lo através das tensões explicitadas a partir do lançamento das duas primeiras obras fílmicas da Vera Cruz: Caiçara (1950, Adolfo Celi) e Terra é Sempre Terra (1951, Tom Payne), visando compreender como se caracterizam tais propostas em conflito.
Desta forma, buscamos aprofundar os conhecimentos partindo de questões sugeridas pelas reflexões de Galvão e Bernardet (1983) que, dentre outras possibilidades, afirmam que a cinematografia paulista do início dos anos 1950 pode ser observada através de dois polos conflitantes. De um lado, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, empresa financiada pela burguesia paulista e interessada em representar o nacional e o popular em suas obras fílmicas; de outro lado, a Fundamentos: Revista de Cultura Moderna, criada em 1948 e vinculada às políticas culturais do Partido Comunista Brasileiro. A revista introduz, a partir do ano de 1950, discussões sobre o cinema brasileiro em sua pauta, através da defesa de um cinema nacional e popular. Nesse contexto, os articulistas da revista realizam uma série de críticas às produções da Vera Cruz. A problemática central desta pesquisa visa compreender os conteúdos de propostas culturais voltadas ao cinema, através da inter-relação entre grupos sociais com visões distintas, mas que partem de um eixo semelhante – as questões do “nacional” e do “popular”, tanto em relação ao estabelecimento de um cinema nacional quanto na ênfase em temáticas nacionais –, e que pretendiam se tornar hegemônicas. Buscando compreender a forma como os respectivos grupos pensavam o cinema nacional – tanto em relação às críticas às obras produzidas quanto no “como deveria ser” uma política de cinema nacional –, elencamos os seguintes questionamentos: através de conceitos comuns – nacional, popular, realismo, função social –, de que forma se aproximam e se distanciam, considerando-se a representação fílmica e as leituras feitas pela crítica da Fundamentos? Que propostas/diretrizes culturais se delineavam por trás dos discursos? O que tais divergências no âmbito cultural nos revelam sobre a sociedade que produziu e recebeu tais obras fílmicas? |
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Bibliografia | CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Algés - Portugal: DIFEL, 2002.
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