ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | O cineasta-artista na indústria cinematográfica hollywoodiana |
|
Autor | Patricia de Oliveira Iuva |
|
Resumo Expandido | A proposta desta apresentação é discutir a figura do cineasta-artista que está inserido em um sistema industrial cinematográfico hollywoodiano, tendo como objeto de análise um tipo específico de making of: aquele que se caracteriza como um documentário. A intenção é entender como esse tipo de making of ajuda a construir a noção de autoria, à medida que explicita as relações do artista e de seu filme enquanto obra de arte dentro de um cenário industrial. Serão analisados os making ofs documentários Dangerous Days: making Blade Runner, making of do filme Blade Runner, e Heart of darkness – A filmmaker’s apocalypse, making of do filme Apocalypse now. Este trabalho é um recorte da pesquisa de doutorado, que está sendo realizado junto ao PPGCOM/UFRGS com apoio de bolsa Capes DS, e sob orientação da Profa. Dra. Miriam de Souza Rossini. A pesquisa problematiza a produção cinematográfica hollywoodiana a partir do making of e as fronteiras tecnológicas, mercadológicas e artísticas que o mesmo estabelece com o filme.
De uma maneira geral, o making of, enquanto produto extra-fílmico presente nos DVD’s colecionáveis, caracteriza-se por ser um produto audiovisual que descreve, comenta, explica ou demonstra um conjunto de dados acerca de outro produto audiovisual, nesse caso, o filme. Tem sua profusão a partir da tecnologia do DVD e passa a funcionar em um sistema industrial cinematográfico enquanto um argumento de venda, circulação e aumento do ciclo de vida dos filmes. Existe um argumento estratégico que consiste na ideia de que através do making of o espectador tem uma extensão da experiência do universo diegético do filme e de que este mesmo espectador é envolvido em uma experiência de bastidores e participa emocionalmente de tais acontecimentos. Assim, tomamos o “atrás das câmeras” como uma narrativa, e o mais relevante, talvez, seja entendê-lo como uma narrativa (que vai além) acerca do próprio cinema. Fazer (making) um filme diz respeito ao domínio de uma arte técnica, ou seja, um processo em que o(s) criador(es) se envolve(m) tanto no campo reflexivo das ideias quanto no processo de concretização das imagens pelos aparatos técnicos. Através do making of temos uma noção do modus operandi cinematográfico, ‘vemos os anos de preparação, execução e aperfeiçoamento das técnicas’. O making of assegura-se de tornar-se o lugar que expõe o esforço dos refinamentos da idéia concretizada pela técnica. No entanto, ao se considerar a esfera artística cinematográfica, observa-se que o compromisso está marcado pelas determinações econômicas e tecnológicas, ainda que a atividade criativa tenha seu espaço. O making of é o lugar em que tais relações ficam evidentes: a figura do produtor delimita as questões financeiras e de mercado (tal como um mecenas); a figura da equipe técnica marca a inserção da tecnologia e das potencialidades dos efeitos visuais (os meios de produção) e a figura do diretor instaura o espaço do campo artístico criativo (o artista). O cineasta é o artista do cinema. Assim, a compreensão de um dado cinema passa pelo making of no momento em que o mesmo dá voz aos participantes da criação (produção cinematográfica), indicando um amplo campo de atividades e aspectos do fazer cinematográfico, de modo que se consegue compreender a ‘arte industrial’ cinematográfica enquanto uma espécie particular de experiência, que não se parece com nenhuma outra. O making of nos conta de um cinema cuja técnica está marcada pela tecnologia, seja nas câmeras, nos microfones, nos computadores, nos efeitos visuais, no entanto, deixa claro o quão artesanal é a propensão da atividade, pois antes de tudo tem-se um esboço, um rascunho, uma ideia na mente de seu(s) criador(es). |
|
Bibliografia | AUMONT, Jacques. Moderno? Por que o cinema se tornou a mais singular das artes. Campinas, SP: Papirus, 2008.
|