ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Do Doc para o Youtube - clipes de poesia performativa na internet |
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Autor | André Telles do Rosário |
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Resumo Expandido | O universo dos vídeos publicados na internet, especialmente no Youtube, o mais emblemático de todos os sites de compartilhamento de vídeos na rede mundial, já é um dos principais meios de divulgação de poesia corporalmente compartilhada, a poesia performativa. Alguns destes poetas chegam já a publicar seus poemas apenas em vídeos, sem se ater a publicar a “letra” impressa, agindo com a poesia como os cantores fazem com as canções – dando a primazia à expressão falada. Há, além dos mais radicais, uma imensa quantidade de poetas performativos que utilizam o suporte audiovisual da internet como mais um meio de divulgação de sua obra, junto com tantos outros meios disponíveis hoje em dia, como o lançamento de livros e a realização de apresentações.
Junto com a gravação de poetas recitando sua poesia, há uma infinidade de recursos de edição que se somam para produzir diferentes obras audiovisuais a partir da performance de um poema. Encontramos, nos vídeos publicados no Youtube, desde gravações em estúdio, com luz, cenário e captação de som e imagem cuidadosos; até registros de performances gravados ao vivo em eventos diversos. Além destes vídeos editados tendo-se em mente o mero registro ou a publicação na internet, encontramos também o recorte e reedição de vídeos feitos para o meio audiovisual de exibição, reapropriações de documentários e filmes. O objeto de estudo desta apresentação é a reapropriação múltipla da obra de Miró da Muribeca, poeta das ruas e da palavra falada, pelo audiovisual e depois pela internet. Já descrito como um “camelô” da poesia, Miró vive de sua arte, ganhando pelas apresentações em eventos, mas principalmente através da venda de livretos e impressos de baixo custo – e, mais ultimamente, também, da venda de dois curtas, documentários que foram feitos sobre sua obra, comercializados em formato DVD. O segundo destes audiovisuais feitos sobre ele, Miró: Preto, Pobre, Poeta e Periférico, dirigido por Wilson Freire, da Cabra Quente Filmes, é a fonte primária deste estudo. O curta, lançado em 2008, em Recife, é o ponto a partir de onde pretendemos começar a compreender como esta poesia performativa é traduzida do meio audiovisual para a internet. E isso é especialmente possível em nosso caso, porque, desde o lançamento, o documentário de Freire virou vários outros produtos audiovisuais publicados na rede mundial de computadores. Ao comparar o excerto-poema original do documentário a versões diferentes do mesmo trecho, reeditadas e publicadas no Youtube, por diferentes atores e em diferentes situações, queremos refletir sobre dinâmicas de apropriação que fazem da poesia uma expressão coletiva através da voz de um artista. Como resultado, temos estes verdadeiros palimpsestos de re-expressões, feitas em cima da obra de um poeta que se apresenta individualmente, mas que diz a emoção de muitos, e é levado pelas vozes desses muitos, ecoando socialmente – ecos que podemos ver nos documentários, e nos vídeos publicados na internet. |
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Bibliografia | COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo : Perspectiva, 2004
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