ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Alternativas de comercialização para cinematografias independentes |
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Autor | Maria Cristina Couto Melo |
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Resumo Expandido | O modelo industrial de produção cinematográfica estrutura-se a partir da divisão da realização de um filme entre os setores de produção, distribuição e exibição. A distribuição cinematográfica “é o elo entre a exibição – sempre concentrada em poucas empresas – e a produção, sempre polarizada” (BRAGA, 2010, p.52). A criação e desenvolvimento desse setor estão relacionados à necessidade dos produtores e exibidores de que os filmes cheguem às salas de cinema e demais mídias (TV, DVD e Internet), visando seu consumo pelo maior número de pessoas possível. Atualmente a atividade é exercida pelos conglomerados de mídia norte-americanos, as majors, e pelas distribuidoras independentes que atuam em escala nacional, trabalhando em geral com filmes menores, chamados filmes de nicho.
“O filme de nicho, ou filme miúra, é aquela obra que tem maior dificuldade de inserção no mercado. No entanto, essa ‘dificuldade’ não pode ser atrelada a um baixo potencial, mas ao fato de serem filmes que geralmente tentam inserir inovações estéticas no ‘mercado’ cinematográfico.” (CHALUPE, 2010, p.120) Além disso, filmes de nicho são em geral realizados com orçamentos baixos, exatamente pelo fato de privilegiarem essa tentativa de inovação, seja na linguagem, no modo de produção, divulgação e/ou distribuição e exibição. As transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico e do advento da Internet influenciaram diretamente os modos de se produzir, comercializar e consumir produtos culturais e de entretenimento. A circulação de conteúdos através de diferentes plataformas e o desenvolvimento de uma economia de nicho na qual tais filmes estão inseridos, voltada para demandas específicas de consumidores, assim como a possibilidade de armazenamento quase infinito e barateamento dos meios de produção, modificaram as estruturas do mercado de produtos midiáticos. Para ilustrar o modo como as produtoras independentes podem articular e inserir seus filmes no mercado audiovisual, especificamente nesse caso, o filme de nicho dentro do contexto de transformações do mercado midiático, vamos utilizar o longa-metragem 3 Efes, dirigido por Carlos Gerbase e lançado em 2007, simultaneamente nas salas de cinema, TV, Internet e DVD. O projeto foi desenvolvido desde o início com o propósito de relativizar a lógica da disponibilização dos filmes de forma gradual nas janelas de exibição, considerando que os novos veículos digitais devem ser utilizados em um patamar de igualdade com o circuito tradicional de exibição, as salas de cinema. O fato de a exploração comercial ter sido realizada simultaneamente nas plataformas acelera a recuperação dos recursos investidos; porém, enfraquece a possibilidade de a obra obter mais valor na comercialização com as outras mídias, que usariam a sala de cinema e a receita de bilheteria como base para o investimento na compra. Assim, o filme ganha em tempo de retorno do investimento, sem garantias de geração de lucro, mas pode perder no valor da receita que, mesmo em longo prazo, representaria lucro para as empresas produtoras e distribuidoras. Além disso, a estratégia de divulgação e comercialização de 3 Efes atende a características muito específicas do filme, relacionadas à empresa produtora e ao diretor. Grande parte das produções independentes que tem pretensão de serem inseridas no mercado cinematográfico é de realizadores estreantes ou de pouco prestígio, que por falta de experiência muitas vezes não conseguem articular parcerias com empresas produtoras, distribuidoras ou mesmo prestadoras de serviço. Os filmes finalizados continuam não possuindo mercado nas salas de cinema, ou mesmo, seguindo a alternativa de comercialização proposta, nas outras plataformas de mídia. |
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Bibliografia | ANDERSON, Chris. A Cauda Longa: do Mercado de massa para o Mercado de nicho. 5ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
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