ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Madureira vale um filme: audiovisual, política, subjetividade e vida |
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Autor | Theresa Christina Barbosa de Medeiros |
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Resumo Expandido | A 6ª edição do Festival Visões Periféricas, que aconteceu no Rio de Janeiro, em agosto de 2012, apresentou em seu encerramento os 5 vídeos vencedores do Projeto Madureira Vale um Filme. O projeto teve como objetivo geral introduzir jovens residentes ou estudantes da região administrativa de Madureira na estética audiovisual, através de uma semana de oficina como um grupo de 21 jovens, em que ao final, cada participante teria que desenvolver um vídeo de 3 minutos.
O projeto Madureira Vale um Filme é um dos exemplos de uma prática recorrente e produtiva nas formas de fazer audiovisual atualmente, em que moradores de favelas experimentam contar histórias a partir de filmes realizados em oficinas de cinema e audiovisual espalhadas por diversas cidades. No Rio de Janeiro, podemos lembrar de projetos como Oi Kabum!, desenvolvido em parceria com o CECIP – Centro de Criação de Imagem Popular, em Ipanema; Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu, na região da Baixada Fluminense; Observatório das Favelas e os projetos encabeçados pela Escola Popular de Comunicação Crítica, na Maré; Nós do Morro, no Vidigal. Observa-se que a circulação do material produzido por esses projetos é feita principalmente por meio de plataformas digitais, como YouTube, Vimeo ou em vídeos embutidos no sites das oficinas e projetos. A revolução tecnológica e a expansão dos meios de comunicação estão entre os fatores que cooperam para uma mudança qualitativa e quantitativa da produção audiovisual, a exemplo do projeto Madureira Vale um Filme, grande parte dos vídeos (principalmente os que ganharam mais destaque ao vencer a amostra) estão no YouTube, além de todos os vídeos também estarem disponíveis no site do projeto. Cabe-nos agora pensar na circulação desse material entre as mais de quatro bilhões de horas de vídeos que são assistidas mensalmente no YouTube ou entre os 800 milhões de acessos mensais (segundo dados divulgados pela empresa), mas principalmente, cabe-nos problematizar a sobrevivência dessas imagens, pensando na relação entre política, cultura, subjetividade e vida, no interior da revolução tecnológica e procurando enxergar além das estratégias de marketing, que utilizam os dados da audiência, especialmente a quantidade de visualizações que os vídeos recebem, para legitimar o alcance e a sobrevivência dessas imagens. Encaminhamos o tema para uma discussão no contexto da biopotência (poder da vida), cercado pela riqueza biopolítica da multidão, pois, considerando as colocações feitas por Peter Pál Pelbart (2011, p. 20), “através dos fluxos de imagem, de informação, de conhecimento e de serviços que acessamos constantemente, absorvemos maneiras de viver, sentidos de vida, consumimos toneladas de subjetividade”. Não seriam então esses fluxos, os principais responsáveis pela sobrevivência (resistência) dessas imagens, como um processo que está vivo e perdura? Nesse sentido, é preciso olhar para as nuances do chamado capitalismo cultural, da economia imaterial, para um novo modo de relação entre o capital e a subjetividade e para isso, partiremos do texto apresentado por Peter Pál Pelbart, em Vida Capital sobre a ideia de resistência e criação. Trata-se de uma compilação, um roteiro sobre a relação ente política e cultura nos dias de hoje, fruto de dois encontros ocorridos em 2002, que reuniu artistas, pensadores e militantes brasileiros e estrangeiros. Vejamos a força da invenção e a biopotência da multidão, Madureira vale um filme. |
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Bibliografia | BERNARDET, Jean- Claude. Cineastas e imagens do povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
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