ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Cinema e migração no documentário mexicano contemporâneo |
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Autor | Maria Celina Ibazeta |
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Resumo Expandido | A história da emigração de cidadãos mexicanos para os Estados Unidos começou a principios do século XX. A primeira guerra mundial (1914-1918) levou à saída de trabalhadores do solo americano para ir à luta e deu espaço para a entrada de imigrantes mexicanos que abandonavam seu país asediados pela revolucão (1910-1924) em busca de melhores condições de vida. A partir de 1924 a frontera começou ser vigiada pela polícia de imigração e se mantém até os dias de hoje cada vez mais fortemente supervisionada. A entrada legal de trabalhadores mexicanos aconteceu bastante tempo depois por meio do Programa Bracero (1942-1964) que deu vistos temporários para trabalho no campo, devido à grande diminuição da mão de obra americana por conta da segunda guerra mundial (1939-1945). Com a suspensão do Programa em 1965, a migração de pessoas se manteve no lado da ilegalidade. Para coibir este fluxo, diversas leis foram sancionadas como a Reforma e controle da imigração (IRCA em inglês) em 1986 ou a Lei de Imigração ilegal e responsabilidade do imigrante em 1997. No censo americano de 2010 revelou-se que a imigração mexicana tinha abaixado consideravelmente, até quase se inverter, quer dizer mais mexicanos saíam do que entravam nos Estados Unidos. A crise econômica que atingiu o setor da construção e os cada vez mais estritos controles na fronteira parecem ser as principais causas. Contudo, a população mexicana nos Estados Unidos é de aproximadamente 32 milhões de pessoas, o maior grupo entre os imigrantes hispânicos morando nos Estados Unidos.
A migração aos Estados Unidos em busca do sonho americano e as duras condições da vida como imigrante ilegal têm sido tópicos recorrentes no cinema mexicano. Filmes como La causa.Tres preguntas a Chávez (1976) e La ilegal (1979) de Arturo Ripstein, Mojado de nacimiento (1981) de Icaro Cisneros, El jardín del edén (1994) de María Novaro, Babel (2006) de Alejandro González Iñárritu, Norteado (2009) de Rigoberto Pérezcano, El field (2011) de Daniel Rosas mostram a importância desta problemática no imaginário social. Neste trabalho analizaremos dois filmes documentários que propõem novos olhares sobre este tema:Mi vida dentro (2007) de Lucía Gajá e Los que se quedan (2008) de Juan Carlos Rulfo e Carlos Hagerman. O primeiro mostra o processo contra Rosa Jiménez no estado do Texas, acusada em 2003 pela morte de Bryan, um menino de dois anos de quem ela cuidava. Gajá acompanha a ré e a sua família desde o julgamento em 2005 até sua conclusão: condenação a 99 anos de reclusão. Outros casos de mulheres presas nos Estados Unidos entram em diálogo com o caso de Rosa e tentam dar uma ideia abrangente da difícil situação de quem é julgado fora de seu país de origem. O segundo retrata o dia-a-dia das famílias de migrantes que ficam no México. Filmado em diferentes estados, o filme traz diferentes histórias de famílias partidas ou reconstruídas após longos períodos de ausência. A tensão de quem está planejando emigrar para os Estados Unidos e a incerteza de quem está esperando a volta de um familiar permeam toda a obra. Estes diretores demostram que apesar de bastante trabalhada, esta temática não está esgotada. Desde ângulos diferentes, o processo judiciário e o lugar de partida, ambos documentários mergulham nas dificuldades que traz a vida de imigrante para a própia pessoa e seu entorno. Esta comunicação reflete sobre as estratégias formais de construção, especificamente o trabalho de edição, de som e a posição do diretor no material filmado, em particular a relação que estabelece com as personagens. Esta análise busca entender a forma usada na construção de obras que lidam com situações desconfortáveis, como a marginalidade, a exclusão, a falta de oportunidade e tiveram uma grande aceitação de crítica e do público em geral. |
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Bibliografia | AYALA BLANCO, Jorge. La herética del cine mexicano. México: Editorial Océano, 2006.
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