ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Os cinejornais de Líbero Luxardo |
|
Autor | Ana Lucia Lobato de Azevedo |
|
Resumo Expandido | Tanto os cinejornais, quanto o cinema documentário, ou a “cavação”, se constituíram no sustentáculo da produção cinematográfica brasileira ao longo de algumas décadas da primeira metade do século XX, em diversos locais do Brasil, possibilitando, inclusive, a realização do almejado longa-metragem de ficção, situação vivida na São Paulo das décadas de 1910 e 1920, como chama atenção Rubens Machado (RAMOS, 1987, p. 100). Esse cinema foi negligenciado pela historiografia clássica, centrada no cinema brasileiro de ficção de longa-metragem (BERNARDET, 1995, p. 116-117). Tal situação vem sendo alterada mais recentemente, destacando-se, com relação aos cinejornais, a pesquisa de Glênio Póvoa, a respeito do cinejornal Atualidades gaúchas (PAIVA; SCHVARZMAN, 2011, p. 218-232).
Esse tipo de pensamento, que identifica cinema brasileiro com a produção ficcional de longa-metragem, refletiu na concepção do catálogo produzido pelo MIS do Pará em homenagem aos 100 anos de Líbero Luxardo (MIS Pará, 2008). A filmografia do diretor ali incluída não elenca dois importantes cinejornais – Homenagem Póstuma a Magalhães Barata (1959) e Belém 350 anos (1965) -, que fizeram parte da própria mostra e dos quais consta, por outro lado, a sinopse, em consonância com as informações relativas aos filmes ficcionais de longa-metragem. Esta proposta tem como objetivo abordar os cinejornais realizados por Líbero Luxardo nas décadas de 1940 e 1950. Tal produção decorreu da aproximação entre o cineasta e o interventor Magalhães Barata, situação recorrente no campo cinematográfico brasileiro, em que se observa a associação entre políticos e o cinema de não-ficção (AUTRAN, 2008, p.13). O realizador, que viera para Belém no final dos anos 1930, a fim de filmar o I Congresso Amazônico de Medicina torna-se amigo de Barata, cuja ação política passa a registrar em película, resultando numa série de cinejornais, realizados ao longo das décadas de 1940 e 1950, através da Amazônia Filmes. Além da atuação de Magalhães Barata como governador, esses filmes abordavam festividades, incluindo ainda algumas matérias pagas e eram realizados com certa regularidade, cerca de um por mês. O próprio Líbero, fotógrafo experiente, foi responsável pela fotografia dos primeiros cinejornais que produziu, o que passa a ser feito também por seu discípulo Milton Mendonça, que vai progressivamente expandindo sua área de atuação, chegando a produzir seu próprio cinejornal, através da Juçara Filmes. Líbero Luxardo, por sua vez, vai se afastando da produção de cinejornais em função de suas atividades políticas, tendo sido deputado estadual no Pará por duas legislaturas, pelo PSD, partido do qual fazia parte seu amigo Magalhães Barata. Além dos dois títulos mencionados acima, que fazem parte do acervo do MIS do Pará, há na coleção de cinejornais realizados por Milton Mendonça, provavelmente entre o final da década de 1950 e os anos 1960, e também parte do acervo do MIS do Pará, um cinejornal relativo a 1959 realizado pela Amazônia Filmes, produzido, portanto, por Líbero Luxardo. Pretendemos, assim, abordar os cinejornais produzidos por Líbero Luxardo, tanto a partir das poucas edições que chegaram até nossos dias, como das informações existentes, recorrendo ainda à memória de pessoas que ligadas ao meio cinematográfico paraense e que tiveram contato com essa produção, caso do crítico Pedro Veriano. Trataremos ainda da situação desses cinejornais enquanto parte do acervo do Museu de Imagem e do Som do Pará e do tratamento que lhe tem sido dispensado. |
|
Bibliografia | AUTRAN, Arthur. “Líbero Luxardo e o cinema brasileiro”. In: Museu da Imagem e do Som do Pará (Org.). Líbero Luxardo – 100 anos. Belém, 2008, p. 11-13.
|