ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | A FILOSOFIA E A ANÁLISE FÍLMICA |
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Autor | YANET AGUILERA VIRUEZ FRANKLIN DE MATOS |
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Resumo Expandido | Pode-se dizer que na filosofia as imagens tiveram e ainda têm um peso negativo. Alguns textos de Platão e o modo como a tradição leu este filósofo contribuíram para essa avaliação. Talvez exagerando um pouco è possível pensar que um tom iconofóbico marca quase toda a história da filosofia, embora não todos tenham essa opinião. Para citar uma referência atual, Henri Bergson é um dos que colocam a imagem em outro nível: ao defini-la como movimento, atribui-lhe uma densidade que carecia na maior parte das filosofias. A imagem foi e é vista, em geral, como copia degradada de uma ideia ou um mero conteúdo ou significado de um referente ou forma A necessidade de pensar a imagem com mais seriedade fez com que a relação entre filosofia e cinema esteja cada vez mais presente nas reflexões dos filósofos contemporâneos. Muitos deles escreveram livros que unem pensamentos filosóficos e análises fílmicas. Em geral, esta interdiscursividade lhes permitiu pôr na berlinda a concepção de imagem pressuposta tanto na filosofia como no cinema. Gilles Deleuze y Jacques Rancière dedicaram mais de um livro ao cinema, destacando sua importância na estética, a teoria e, a política na sociedade contemporânea. Cinema I – a imagem movimento e Cinema II – a imagem tempo, são livros seminais nesse sentido. Neles, as análises fílmicas que aparecem não pertencem unicamente ao autor. Deleuze, um dos primeiros filósofos a conceder de fato um valor teórico ao cinema, introduziu no texto filosófico o discurso de críticos cinematográficos que, em geral, é desconsiderado pelos filósofos. Este hibridismo discursivo vai além das citações comuns a um pensador que está se metendo em ceara alheia e precisa de argumentos de autoridade para sustentar suas idéias. Trata-se de um diálogo que supõe um embate, que quase sempre é inevitável quando dois tipos de discursos são associados. Estudar como se produz essa interdiscursividade parece crucial para entender qual é o status que Deleuze atribui à imagem cinematográfica e, portanto, ao discurso que se pode fazer sobre ela. Recorrer à crítica cinematográfica é um esforço para não limitar a abordagem da imagem cinematográfica à distância conceitual do estilo filosófico? A prática analítica, menos abstrata, talvez possa garantir uma maior aproximação à imagem? Essas questões demandam uma compreensão sobre o que se joga em uma análise cinematográfica. Segundo Rancière, “pensar a arte das imagens no movimento é de início pensar a relação entre dois movimentos: o desenrolar visual das imagens próprias ao cinema e a dissipação das aparências que caracteriza mais amplamente a arte das intrigas narrativas”. A problemática que se desdobra dessa definição será “como o desenrolar visual das imagens pode casar-se com a lógica do desvendar da verdade nas aparências?” (2001). Entretanto, definir a análise cinematográfica dessa maneira é colocar de nova a velha questão filosófica da subordinação das imagens ao conceito ou à narração, como tradicionalmente os estudiosos do cinema desenvolveram em suas práticas analíticas. Deleuze criticou a Christian Metz o fato de ter pensado a narração como formando parte das imagens. Mesmo no caso do cinema ter se desenvolvido historicamente como narrativo, “a narração nunca é um dado aparente das imagens ou o efeito de uma estrutura que as sustenta, é consequência das próprias imagens aparentes, das imagens sensíveis que se definem por si mesmas” (1990). Este trabalho trata de examinar as teorias e as analises que Deleuze e Rancière fizeram de Vértigo, de Hitchcock, para entender a relação que ambos estabeleceram entre filosofia e prática fílmica analítica. O objetivo final é problematizar as conexões entre imagem e narrativa que se deslindam dessa junção e que fazem parte da tradição filosófica e cinematográfica. Ao mesmo tempo, propomos uma análise que considere o texto e a linguagem cinematográfica a partir da imagem, subvertendo de essa forma a abordagem tradicional da imagem cinematográfica. |
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Bibliografia | BAECQUE, Antoine. L´histoire-caméra. Paris, Gallimard, 2008.
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