ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Planos, paisagens e territórios sonoros de "Da Janela do Meu Quarto" |
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Autor | Marina Mapurunga de Miranda Ferreira |
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Resumo Expandido | Este trabalho tem como objetivo analisar o som do curta-metragem "Da janela do meu quarto" (2004), do artista brasileiro, Cao Guimarães. Cao tem parceria em seus filmes com o duo de arte sonora O Grivo. A partir de pesquisas na Nova Música (música concreta, eletrônica, aleatória, entre outras), O Grivo pensa e realiza toda a sonoridade dos filmes de Cao. O duo acompanha todo o processo de realização fílmica: da pré a pós-produção. A partir desse processo e de suas influências, o som criado por O Grivo tem sido um importante elemento na potencialização da narrativa do filme. Em "Da janela do meu quarto", o diretor filma duas crianças que brigam se amando e se amam brigando no meio da chuva sobre a terra molhada. Uma massa sonora de chuva é o nosso som ambiente que de repente deixa de ser um fundo para acompanhar a ação dos personagens como figura. Para analisar esses sons, temos como base o conceito de Paisagem Sonora (SCHAFER, 2001) e Território Sonoro (OBICI, 2008). Ambos conceitos não são aplicados para obras audiovisuais pelos autores. Porém, eles nos ajudam a pensar e analisar o ambiente acústico dos filmes. Schafer comenta que a paisagem sonora é qualquer campo de estudo acústico e que podemos nos referir a uma composição musical, a um programa de rádio e a um ambiente acústico como Paisagens Sonoras. Se tal conceito pode ser aplicado a uma obra de arte como a música, temos como mais um objetivo desta pesquisa, verificar se o termo paisagem sonora pode ser aplicado aos estudos audiovisuais. Os três aspectos de paisagem sonora delineados por Schafer: som fundamental, sinal sonoro e marca sonora; também são úteis para nossa análise. Da mesma forma, verificamos o conceito de Território Sonoro. Obici critica o termo "paisagem sonora" por “paisagem” se tratar de algo estático, enquanto o “território” (baseado nas ideias de Deleuze e Guatarri) se modifica, se cria a cada momento por códigos-sons. As duas visões conjuntas, de Schafer e de Obici, contribuem de forma positiva para nossa análise. Ambas podem ser adaptadas para as obras audiovisuais. Além dos autores citados, utilizamos Chion (1994) com o Tricírculo dos Sons; Stilwell (2007) que comenta sobre o "fantastical gap", a lacuna que se encontra entre os meios diegético e extradiegético e Curtis (1992) que propõe uma relação de ritmo entre as imagens e os sons. Os sons fundamentais que no início do filme nos apresenta em um plano sonoro geral, passa a um primeiro plano sonoro tornando um sinal sonoro da briga das crianças. Os cortes sonoros dão temporalidade e movimento a briga que se estende com códigos-sons diferenciados. A chuva é fundo como massa sonora que envolve estes personagens e figura quando ouvimos seus pingos em primeiro plano, como reação dos personagens. O ambiente sonoro se move a partir destes cortes, das modificações dos códigos-sons, o território sonoro se transforma por meio dos personagens. |
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Bibliografia | CHION, Michel. L'Audio-vision: Son et image au cinéma. 2ª edição. Paris: Armand Colin, 2012.
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