ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | “Os Espectadores”: Notas sobre a recepção cinematográfica na Amazônia |
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Autor | EVA DAYNA FELIX CARNEIRO |
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Resumo Expandido | Na Belém dos anos de 1950, o cineclube “Os Espectadores” dava feições locais a pratica cineclubista. A historicização deste grupo de espectadores em particular é de grande valor para a compreensão das motivações empregadas, por eles, na recepção e consequente análise fílmica. Aprovações, identificações, reprovações, eram apenas algumas das reações aos signos fílmicos, seus julgamentos não estavam desconectados das propostas estéticas de arte defendidas a muito por aquele grupo em jornais e periódicos locais. Por estar ligado ao universo literário, o cinema despertava naqueles cineclubistas reflexões quanto ao uso da arte e a legitimidade de uma estética fílmica. Nesse sentido, a reflexão sobre o cinema alinha-se a uma História Cultural, que o integra a um sistema cultural. A partir do cinema, portanto, problematizam-se questões presentes no universo cultural da região amazônica.
Assim como em outras regiões do Brasil, em Belém, a “formação de espectadores” também se configurava como uma das metas do cineclube “Os Espectadores”. Este possuía finalidade educativa, através de incentivos aos debates em torno das películas e das estéticas cinematográficas. Assim, o objetivo era “formar espectadores ativos e conscientes, que saibam dar ao cinema o seu justo valor”. Para aquele grupo, o cinema não poderia ser visto apenas como mero entretenimento, posto que, “a satisfação estética deveria juntar-se a ‘consciência do público esclarecido”. Para isso, o público deveria ser aconselhado pela crítica cinematográfica local e assistir às obras primas do cinema mundial. A grande maioria dos membros formadores daquele cineclube vinha de uma tradição literária e de escrita em jornais e revistas locais. Boa parte deles, nomes já conhecidos na capital paraense. Angelita Silva, Armando Mendes, Benedito Nunes, Days Maués, Maria de Belém Marques, Maria Sylvia da Silva, Mário Faustino, Max Martins, Ruy Guilhon Coutinho, Ruy Guilherme Barata e Orlando Costa compunham a formação original do cineclube “Os Espectadores”. Posteriormente este número aumentaria com a entrada de novos membros: Francisco Paulo Mendes, Maurício Souza Filho, Manoel Pena e Wilson Pena. O cineclube pioneiro de Belém era uma extensão ao cinema, do interesse artístico e intelectual, já presente na literatura, por uma parte do “Grupo dos Novos”. Este era formado por um grupo de jovens poetas, ficcionistas e críticos locais, que tinham no Suplemento Literário encarte dominical do jornal A Folha do Norte, o seu principal meio de expressão literária. A criação de “Os Espectadores” representava a inserção de parte daquele grupo de intelectuais em outro ramo da arte, e que também trazia a marca de seus interesses estéticos. Os jovens poetas pertencentes aos “Espectadores” faziam, também, em Belém a história da literatura brasileira no período pós-Segunda Guerra Mundial. E nela esteve presente a condição humana e sua existência na sociedade moderna. O diálogo com o existencialismo, principalmente através dos escritos de Sartre e Rilke e um desencanto referente à história recente do país, colaboravam para o projeto de construção de uma literatura que não lembrasse as formas passadistas de construção literária. As aproximações com a literatura, presente no primeiro cineclube de Belém, nos conduzem a reflexões sobre a forma como seus membros mediavam relações entre cinema e literatura. Refletindo sobre isso, Max Martins dizia que o cinema influenciava no poema ainda quando este era apresentado na página em branco. Assim como também acreditava no contrário, pois segundo ele, o cinema estava “cheio de literatura”. É notório que o surgimento dos cinematógrafos, bem como os outros instrumentos das novas técnicas inspirou a imaginação e permitiram de maneira geral captar a realidad |
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Bibliografia | COELHO, Marinilce Oliveira. O Grupo dos Novos (1946-1952): Memórias literárias de Belém do Pará. Belém: EDUFPA: UNAMAZ: 2005.
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