ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Contributos para uma história do documentário português |
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Autor | Manuela Penafria |
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Resumo Expandido | Nos anos 90, em Portugal, tal como em outros países verificou-se um aumento na produção e realização de documentários, o que justifica colocar, pelo menos, a seguinte questão: de que modo estes novos documentários se articulam com documentários realizados no passado? A história do documentário é a história de um género particular na evolução do cinema português. Assim, pretendemos neste trabalho traçar linhas de evolução do documentário tendo em conta o seu entendimento enquanto género.
A história do cinema português não refere nenhum momento em que o documentário se tenha assumido enquanto movimento. Apenas nos anos 90 jovens realizadores fazem uma aposta continuada na realização de documentários. A falta de um movimento assumidamente empenhado no documentário não implica falta de tradição. Assim, poderemos estar perante uma tradição que apresenta particularidades suficientes para a propormos como contributo e contraponto da história “oficial” do documentário pautada por marcos como o movimento documentarista britânico dos anos 30 e os movimentos de cinema direto, cinema verdade, candid-camera ou free cinema dos anos 60. O documentário tem estado sempre presente na filmografia de realizadores cuja carreira é mais conhecida pelos filmes de ficção. Há aqui uma alternância acentuada e algo continuada entre documentário e ficção, o que nos permite colocar três hipóteses: um percurso cinematográfico em direção a uma escolha de ficção ou um percurso que, seja por que razão for, não abdica do documentário ou, finalmente, um percurso em que a questão do género é a que menos importa. Se considerarmos a afirmação de Augusto M. Seabra (jornal Público, 12 de Outubro de 1990) de uma “recusa do cinema português em enfrentar directamente o real em que se insere” e acrescentarmos a falta de um movimento do passado assente no documentário, a insistência de realizadores de ficção fazerem documentários e o movimento dos jovens realizadores dos anos 90, o que enfim nos propomos estudar é que o conceito de género poderá abarcar várias conceções que dependem de uma evolução histórica. Assim, no caso português, podemos colocar várias hipóteses: o documentário poderá ter começado por ser entendido enquanto documento, passando por um conceção menos de género e mais de laboratório para exercitar a realização cinematográfica, ou uma conceção de representação do passado mais do que a representação do presente (ou o contrário) ou ainda, um género onde a questão da representação da realidade é substituída pela representação de uma ligação emocional com a realidade. |
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Bibliografia | AAVV. 1999. Novo Documentário em Portugal. Lisboa: AporDoc — Associação pelo Documentário e Cinemateca Portuguesa—Museu do Cinema
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