ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | O lugar do cinema brasileiro nos anos 2000. Cenários e perspectivas. |
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Autor | João Guilherme Barone Reis e Silva |
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Resumo Expandido | Esta comunicação propõe uma reflexão sobre os rumos do cinema brasileiro nos anos 2000, na tentativa de um mapeamento que utiliza informações do projeto de pesquisa Cinema brasileiro nos anos 2000. Organização da base de dados do mercado. Esse projeto dá seqüência a uma pesquisa anterior, inciada em 2009, Assimetrias, desempenho e crise no cinema brasileiro contemporâneo, com diversos artigos já publicados e comunicações apresentadas nos Encontros da SOCINE. Tal mapeamento parte da constatação de que na primeira década dos anos 2000, verifica-se a ocorrência de um conjunto de fenômenos que redefinem o espaço do cinema brasileiro e a sua condição de existência no presente e, provavelmente, no futuro. Trata-se de um período que combina o final da retomada (2000-2003), com um processo de recomposição do tecido institucional do cinema brasileiro, anteriormente destruído no início da década de 1990. São marcos desse processo, a realização do III CBC (2000) e a entrada em funcionamento de um novo órgão regulador que acumula também as funções de fomento, a ANCINE (2003). Paralelamente, o cenário estabelecido é de aumento da produção do longa-metragem nacional e de esforços concentrados para ampliar a sua participação no mercado exibidor. Um total de 519 filmes são efetivamente lançados no período e o volume de lançamentos em 2009 (84 filmes) corresponde a um aumento de 400% em relação aos 23 lançados no ano 2000. A pesquisa dedicou-se a analisar esse conjunto de filmes, organizando uma base de dados que classifica o desempenho de público nas salas, as tendências temáticas e estéticas, as quantidades de lançamentos por produtoras e distribuidoras, entre outros aspectos. A proposta de investigação, agora, é revisitar estes dados e fazer um cruzamento com os cenários atuais do cinema brasileiro, igualmente complexos, tentando visualizar as perspectivas. Parece oportuno reformular indagações, refazer percursos e, sobretudo, tentar ampliar a compreensão da problemática atual do cinema brasileiro. Em 2013, completam-se 10 anos de funcionamento da ANCINE e 20 anos de vigência da Lei do Audiovisual. Em 2009, o Fundo Setorial do Audiovisual, FSA incia suas operações de financiamento público à produção, licenciamento e comercialização de obras audiovisuais, inaugurando um sistema com recursos retornáveis. A participação do cinema brasileiro no mercado de salas não consegue ultrapassar 10% (já foi de 22%, em 2003). Há um confronto de idéias que divide produtores, cineastas, distribuidores e demais agentes do mercado, com relação aos eixos e ações das políticas públicas para o setor. Embora haja uma certa concordância nas queixas sobre o excesso de burocracia e controles da ANCINE, inclusive sobre a prestação de contas dos recursos públicos repassados, o confronto entre agentes do setor recoloca um conflito antigo entre os campos de um cinema denominado comercial, que teria como finalidade apenas vender ingressos nas salas e outro, denominado cultural, ao qual não caberia qualquer compromisso com o público e as operações comerciais que caracterizam os lançamentos cinematográficos. Ambos, entretanto, recorrem as mesmas fontes de recursos para produção e ou comercialização na ANCINE. No cenário recente, o pivô do confronto tem sido a possível nomeação do atual diretor presidente da ANCINE para um terceiro mandato à frente do órgão, o qual vem sendo também acusado de uma idiossincrasia insustentável, a de acumular funções de regulação e fomento, o que comprometeria a eficiência da sua função original de agência reguladora e as suas metas de levar o cinema brasileiro a ocupar 30% do mercado de salas no País.
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Bibliografia | CRETON, Laurent. Économie du cinéma. Perspectives estratégiques. Paris. Bertrand Dreyfuss, 1995,
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