ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | NEOTEVÊ: Marcas da metalinguagem e da autorreflexividade no Brasil |
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Autor | Carla Simone Doyle Torres |
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Resumo Expandido | Ao partir do mapeamento de produções brasileiras de diferentes gêneros, produzidos dos anos 1980 para cá, esta apresentação busca elencar e sistematizar as características dessa incursão dos produtos sobre si próprios, entendendo se, de algum modo, eles estabelecem traços de uma estética televisiva. Nesse sentido, os fenômenos da metalinguagem e da autorreflexividade contemplam a observância da auto-problematização aqui proposta. Em relação à autorreferência, observa-se que mencionar e/ou referenciar a si é um processo mais associado a um aspecto formal, numa postura diferente da autocrítica. Esta apresentação resulta de pesquisa de doutorado desenvolvida junto ao PPGCOM-UFRGS, com apoio da bolsa Capes DS, sob orientação da Dra. Miriam de Souza Rossini. Ela estuda as marcas da autorreflexividade e da metalinguagem na produção televisiva brasileira desde o período que coincide com a abertura política do Estado Brasileiro e se estende até os dias atuais. O objetivo é apontar possíveis contribuições dessa postura autocrítica para a constituição de traços estéticos televisivos em meio à produção nacional. A televisão, historicamente, volta-se à documentação do mundo, num compromisso assumido com a transparência. No entanto, o advento do fenômeno denominado por Eco, Casetti e Odin como Neotevê caracteriza uma ruptura estética importante para o meio televisivo. Passamos a assistir à periódica revisitação e desconstrução crítica de si própria como canal. No Brasil, os anos 1980 marcam o início das parcerias entre emissoras de TV e produtoras independentes, a exemplo de TVDO e Olhar Eletrônico. Posteriormente, entraram em atividade redutos de criação como o Núcleo Guel Arraes, sediado pela Rede Globo de Televisão desde 1991. Ainda, vinculadas ao Núcleo, temos grupos como O2, Casa de Cinema de Porto Alegre e Videofilmes, que mantêm produções desde os anos 1990 até os 2000. Ao longo dos últimos 30 anos, a televisão brasileira vem manifestando várias marcas de um tipo de composição textual que se volta ao código ou à figura da instância produtora, num esforço de desnudamento que toma lugar a partir da evolução das condições políticas e tecnológicas, e num momento em que essas características passam inclusive a ganhar destaque como parte do objeto veiculado. Os programas selecionados para análise foram exibidos por diferentes emissoras nacionais, públicas e privadas: Crig-Rá, pela Abril Vídeo; Fábrica do Som, pela Rede Cultura; Jornal de Vanguarda, veiculado pela Bandeirantes; Armação Ilimitada, TV Pirata, Doris para Maiores, Programa Legal, Muvuca, Cena Aberta, Garota da Capa, TV Mulher, Malu Mulher, Garotas do Programa e Casseta & Planeta Urgente, veiculados pela Rede Globo. Entre as produções ainda veiculadas atualmente estão a série No Estranho Planeta dos Seres Audiovisuais, pela TV Futura, e o programa Custe o Que Custar (CQC), pela TV Bandeirantes. Ainda, como programa que transitou por diferentes emissoras, está Documento Especial: Televisão Verdade, veiculado pelas TV’s Manchete, SBT e Bandeirantes. |
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Bibliografia | ECO, Umberto. (1986). Tevê: a transparência perdida. In: Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
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