ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Os Contos Morais de Eric Rohmer |
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Autor | Alexandre Rafael Garcia |
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Resumo Expandido | Uma análise dos “Contos Morais” de Eric Rohmer, servindo como introdução à sua filmografia e a constatação de seu estilo.
Rohmer, realizador cinematográfico que se estabeleceu com a nouvelle vague francesa na passagem das décadas 1950-60, produziu sem muito sucesso seu primeiro filme longa-metragem, “O Signo de leão”, em 1959, e continuou ativo até 2007, ano de sua última produção. Morreu em 2010. Este trabalho se centra nos seus modos de produção, procedimentos narrativos e uma compreensão da formação do seu estilo, partindo da análise de seis filmes que compõe este ciclo oficialmente intitulado “Contos Morais”: “A Padeira do bairro” (1963), “A Carreira de Suzanne” (1963), “A Colecionadora” (1967), “Minha noite com ela” (1969), “O Joelho de Claire” (1970) e “O Amor à tarde” (1972). A escolha por focar neste primeiro ciclo (ou “série”, como podemos chamar também) da filmografia de Eric Rohmer se dá pela constatação de que é através destes filmes que Rohmer consolida seus métodos de produção e estilo cinematográfico – muito do resultado de seu fracasso em tentar reproduzir um esquema de produção clássico em “O Signo de leão”. Foi necessário Rohmer inventar e estabelecer seus modos, para continuar ativo e sobreviver lançando novos filmes com uma frequência exemplar, completando uma carreira de vinte e três longas-metragens e diversos curtas. Rohmer consolidou um cinema de aparência clássica, sem arroubos auto-reflexivos ou pretenso-poéticos – como muitos de seus contemporâneos, entre eles Alain Resnais e Jean-Luc Godard –, com histórias fundadas na tradição romanesca, de dramas íntimos e interpessoais, e calcado em um respeito ontológico ao espaço físico-urbano de interação dos seus personagens. Herança direta tanto de André Bazin e Roberto Rossellini, quanto de Jean Rouch, de quem Rohmer era admirador declarado. Isto somado à influência do cinema americano da Hollywood clássica, de Howard Hawks a Otto Preminger, onde a supremacia é o da objetividade e eficácia narrativa. A beleza da ficção sobre o mundo tal como ele é. Rohmer inventou o seu cinema, único em suas qualidades e defeitos, que a cada dia se comprova mais influente e contemporâneo. No caso, da valorização inconteste da beleza em si – do mundo, das pessoas e das coisas como elas são, mas transpostas à narrativa do cinema de uma maneira clara e objetiva; pois, afinal, o cinema é arte de técnica refinada, “e assim como para o atleta, um estilo eficiente é um estilo bonito, poesia é um bônus” (Rohmer sobre “Paraíso Infernal”, de Howard Hawks, em 1953). Rohmer compreendia perfeitamente a necessidade da depuração de um estilo, da precisão de um roteiro, do trabalho árduo e sistemático para se obter os efeitos estéticos mais bonitos, mas sem jamais esquecer a pura beleza das coisas mais simples: a natureza, mundo e as pessoas tal como eles são. Em seus filmes basicamente nos deparamos com personagens cujos maiores dramas são dilemas amorosos; puros “contos morais” (burgueses e heterossexuais). Um homem que se relaciona com uma mulher, mas se aproxima de outra mulher e no fim acaba retornando à primeira mulher. Filmes que em primeira instância denotam uma simplicidade vulgar (tanto em termos técnicos quanto temáticos), mas, que, se vistos e analisados com atenção evidenciam um rigor e sofisticação únicos na história do cinema. |
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Bibliografia | AUMONT, Jacques. O cinema e a encenação. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008.
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