ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Tufão e a Literatura. Estratégia para construção da Personagem? |
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Autor | Maria Ignês carlos Magno |
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Resumo Expandido | Este texto é parte dos estudos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa: Inovações e Rupturas na Ficção Televisiva Brasileira.O projeto propõe um estudo da telenovela Avenida Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro. Uma das questões que norteia a pesquisa é a verificação de como ocorre a combinação entre a situação convencional e as variações narrativas de Avenida Brasil e se essa articulação confronta-se ou não com a estrutura narrativa televisiva clássica. Dos enfoques da pesquisa: narração, estilo audiovisual, transmidiação e um quarto que é dedicado ao estudo da caracterização da personagem na ficção em geral, em especial na ficção televisiva, e mais particularmente ainda na telenovela Avenida Brasil. Partindo dos estudos de Antonio Cândido (1985. p:34/35) sobre a Personagem de Ficção e entendendo que “se o enredo existe através das personagens; as personagens vivem no enredo [...], e se no meio deles, avulta a personagem, que representa a possibilidade de adesão afetiva e intelectual do leitor, pelos mecanismos de identificações, projeção e transferência [...], interessa descobrir como isso ocorre com a personagem da telenovela, produto não estudado na referida obra. Nessa perspectiva e para essa comunicação, interessa um estudo da personagem Tufão interpretado por Murilo Benício. Especificamente, interessa acompanhar como essa personagem foi construída na trama de um roteiro que parte de uma estrutura clássica e vai deslocando, invertendo, subvertendo a estrutura original. Tufão, por exemplo, é uma personagem que representa a possibilidade de adesão afetiva do telespectador, mas não pelos mecanismos tradicionais de identificação, projeção e transferência. É um enigma para o espectador acostumado ao modelo do protagonista que ao longo da narrativa se revela como o herói da trama. Qual herói? Qual drama? Qual tragédia? Perguntas constantes entre telespectadores atentos e ao mesmo tempo desorientados frente a uma personagem que aparentemente se manteve inalterada durante a trama. Nesse sentido, a personagem é um enigma também para pesquisadores. E como um de nossos propósitos é o de estudar as inovações e rupturas, entendendo que nem sempre a inovação traz a ruptura, o recorte do estudo para esse texto é o da personagem e a literatura introduzida na trama. O foco da reflexão é o de tentar entender se a inserção da literatura é apenas parte da trama ou uma estratégia para a construção da personagem, e uma possível “chave” para entender a trajetória dessa personagem. Os autores e os textos utilizados nesse momento da pesquisa; além do citado livro de Antonio Cândido, o livro Dramaturgia de Televisão, de Renata Pallottini (1998), traça um roteiro sobre a personagem através do estudo das correntes clássicas, do teatro aristotélico, da revolução brechtiana e das últimas produções do teatro de vanguarda. Ainda sobre a personagem e as etapas de sua construção para que uma história seja contada, foi relevante o livro A Jornada do Escritor, de Christopher Vogler (2011), porque ao explorar a história da escrita e nos mostrar como muitas das histórias contadas na atualidade estão ligadas a antigos mitos e como as personagens arquetípicas fornecem a base da narrativa moderna, e, sendo um deles o mito do herói, interessa perceber como esse personagem/herói foi pensado e se estrutura na telenovela Avenida Brasil. Para discutir essas questões, dois autores se fazem necessários: Aristóteles e Raymond Williams. Embora saibamos que a Poética, de Aristóteles (2003), seja a base do desenvolvimento da dramaturgia e tenha sido largamente analisada e utilizada por muitos autores nas diferentes áreas do conhecimento, essa obra é fundamental para nossa investigação dada a importância e permanente caráter referencial. Em Television e Tragédia Moderna, Raymond Williams (2003 e 2002) se interessa, respectivamente, pelas formas da televisão e pelo estudo de dramaturgos e autores que deram as bases da dramaturgia moderna. |
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Bibliografia | Referência
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