ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Um olhar sobre a recepção de filmes brasileiros com audiodescrição |
|
Autor | Cristina dos Santos Ferreira |
|
Resumo Expandido | A inclusão do recurso da audiodescrição na exibição de filmes no Brasil teve início a menos de uma década. Compreende-se por “audiodescrição” de obras fílmicas, a tradução de imagens audiovisuais por meio de palavras e a interpretação oral, paralela à exibição do filme na sala de cinema, e/ou adaptação das mídias por meio da inserção de banda sonora especial que inclui, entre os diálogos e efeitos sonoros do filme, informações verbais sobre o que está sendo visualizado na tela. Os filmes são destinados ao público de “não videntes” ou pessoas que possuem algum tipo de deficiência visual. O primeiro DVD lançado no Brasil com audiodescrição foi “Irmãos de fé” (2005), que conta a história do nascimento da igreja católica. O principal espaço de exibição de filmes com audiodescrição, desde 2003, tem sido o “Festival Assim Vivemos”, um evento que promove a discussão de filmes sobre a questão da deficiência. A seleção de filmes inclui alguns longas e curtas-metragens brasileiros, com uma média de 25 filmes por mostra. Desde então, o número de festivais e mostras de cinema que exibem filmes brasileiros com audiodescrição têm crescido. Em 2011, o Blog “Comaudiodescrição” registrou uma relação de quase 90 filmes audiodescritos, com destaque para o “37º Festival SESC Melhores Filmes”, em São Paulo (43 filmes) e para o “Projeto Cinema Nacional Legendado e Audiodescrito” no Centro Cultural do Banco do Brasil, do Rio de Janeiro e São Paulo (12 filmes). O filme “Saneamento Básico” realizado pela Casa de Cinema de Porto Alegre teve sua exibição, já em 2007, no Festival de Cinema de Gramado com audiodescrição. O roteirista e cineasta Jorge Furtado, diretor do filme acompanhou a exibição e relatou posteriormente em entrevista que as pessoas “deficientes visuais, com a audiodescrição percebiam coisas no filme que as pessoas que não têm problemas visuais não percebiam”. A audiodescrição como uma tradução do que é visualizado na tela por um profissional audiodescritor começou a chamar a atenção de diretores brasileiros e em 2010, um outro filme da Casa de Cinema de Porto Alegre foi lançado em DVD com uma banda sonora dirigida ao público de não videntes: o filme “Antes que o Mundo Acabe” dirigido por Ana Luíza Azevedo. De acordo com dados de uma amostragem parcial do IBGE de 2010, o número de pessoas com deficiência visual registrado pelo censo demográfico gira em torno de 36 milhões com uma distinção entre: pessoas que não enxergam de modo algum (528.624), pessoas que têm grande dificuldade de enxergar (6.056.684) e pessoas que possuem alguma dificuldade para enxergar (29.206.180). A perspectiva aqui proposta é refletir sobre os modos de recepção da tradução realizada pelo recurso da audiodescrição em que toda a visualidade do filme, é transformada em sons. O filme será visualizado pelo "não vidente" por meio da descrição realizada pelo profissional audiodescritor conjugados aos efeitos sonoros e diálogos que a narrativa fílmica já continha quando foi finalizada. Com base na definição criada por Murray Schafer (2001), podemos dizer que cria-se uma paisagem sonora do filme para o "não vidente", que por sua vez, constrói sua própria visão da obra. Outra questão que se coloca está relacionada as modos de apropriação dos textos (áudios) pelos "não videntes", pois existem aqueles que possuem a cegueira congênita e aqueles que possuem uma deficiência adquirida. E por fim, como a audiodescrição é percebida pelos cineastas e roteiristas que realizaram o filme, como uma reconstrução do roteiro, feita após a finalização? Concluindo, como um recurso recentemente adotado pelos realizadores de cinema no Brasil, uma reflexão sobre a recepção de filmes com audiodescrição pode apontar caminhos para futuras produções. |
|
Bibliografia | Bibliografia
|