ISBN: 978-85-63552-14-3
Título | Itamaraty, UNESCO e a Missão Sucksdorff no Brasil |
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Autor | Rosana Elisa Catelli |
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Resumo Expandido | A vinda de Arne Sucksdorff já foi abordada em diversos trabalhos que analisam o cinema brasileiro na década de 1960, representou um marco no cinema documentário brasileiro porque a partir dele formou-se uma geração de cineastas brasileiros. Nosso objetivo aqui é apresentar algumas indicações de que a Missão Sucksdorff foi resultado de uma série de propostas realizadas por integrantes da UNESCO, entre eles críticos de cinema, cineastas e estudiosos da área no campo do cinema documentário, que foram se consolidando desde a década de 1940. Assim como, o fracasso de uma outra Missão que traria o cineasta Mario Ruspoli revela as divergências existentes nesse campo no seio da própria UNESCO.
A Missão Sucksdorff no Brasil, entre 1962 e 1963, revela também a importância do Ministério das Relações Exteriores no desenvolvimento do cinema brasileiro. O Seminário de Cinema ministrado pelo cineasta Sucksdorff foi fruto de uma atuação de membros da embaixada brasileira no campo do cinema. Diversas outras ações foram realizadas pelo Itamaraty a fim de fomentar a cinematografia brasileira naquele período, como retrospectivas de filmes e exibição de filmes brasileiros no exterior, participações em seminários e produção de documentários. Alguns nomes particularmente foram fundamentais: Roberto Assumpção foi diplomata brasileiro interessado pelo cinema brasileiro; Arnaldo Carrilho teve longa atuação no cinema brasileiro e um dos interlocutores com a UNESCO. Não podemos esquecer Vinicius de Moraes, outro diplomata influente no cinema brasileiro. O Itamaraty merece um capítulo a parte a respeito de suas ações no campo do cinema. Com certeza a diplomacia brasileira teve grande influência na história cinema brasileiro, principalmente a partir da década de 1960. Arnaldo Carrilho foi um dos diplomatas atuantes no cinema brasileiro. Ele era o responsável pela Divisão Cultural do Itamaraty e esteve a frente de diversos projetos cinematográficos do cinema novo brasileiro. Como ele mesmo disse: “Com a ajuda do falecido Lauro Escorel de Moraes, então chefe do Departamento Cultural, pusemos o Cinema Novo e o melhor do cinema independente baiano e paulistano no Itamaraty” . De fato vários projetos relacionados ao cinema brasileiro na década de 60 tiveram a colaboração de Carrilho. O diplomata Carrilho e os cineastas do período foram responsáveis pelo diálogo do cinema brasileiro com as vanguardas cinematográficas dos anos 60. Diálogo esse que fomentou em boa parte a produção cinema novo. Exemplo disso é a presença já conhecida do cinema brasileiro nas mostras e encontros promovidos pela Instituição Columbiannum na Itália, responsável por mostras internacionais de cinema latino americano no período. Em 1965, O Circo fez parte da V resenha de cinema latino americano do Columbiannum, em Gênova. Junto com Arnaldo Carrilho estiveram nesse evento Paulo Cesar Saraceni, Luiz Carlos Saldanha, David Eulálio Neves, João Lufti, Carlos Diéges, Glauco Rodrigues, Geraldo Lopes Magalhães e Gustavo Dahl. Segundo Carrilho, a participação do Brasil nesses eventos internacionais é o que permitia que cineastas brasileiros conhecessem as cinematografias latino americanas e europeias. E esses nos conhecessem. Podemos dizer que o cinema brasileiro teve repercussões dessas experiências promovidas por órgãos como o Itamaraty no Brasil, o Serviço do Patrimônio Histórico e no plano internacional, instituições como a UNESCO na década de 1960. Essa última teve um papel fundamental do diálogo mundial em torno do cinema direto. |
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Bibliografia | AVELLAR, José Carlos. “Brasil Verdade” Jornal do Brasil, 3/8/1968.
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